Nem só de Final Fantasy e Dragon Quest vive a Square Enix. Após quase duas décadas sem um novo jogo da série Mana, os fãs da franquia finalmente estão sendo contemplados com Visions of Mana – o primeiro título inédito da série desde 2007! É fato que a marca nunca foi esquecida nesse meio tempo, mas passou um longo tempo se limitando a apenas remakes e coletâneas dos seus clássicos.
Dito isso, já posso adiantar que a espera valeu a pena, pois Visions of Mana é exatamente aquilo que esperamos de um jogo da franquia! Sua história básica e sistema de combate dinâmico casam perfeitamente, trazendo um JRPG que foge bastante do padrão mais popular no Japão. Aqui, o combate em turnos e as tramas mirabolantes são substituídos por características muito mais fáceis de serem consumidas pelo público ocidental – e isso é bom!
Uma jornada de sacrifício
Na aventura da vez, encarnamos o simpático Val, um guerreiro responsável por escoltar um pequeno grupo de indivíduos que vão sacrificar suas próprias vidas para a Tree of Mana – um ritual realizado desde o início dos tempos. Os personagens que o acompanham serão os membros da party, cada um contando com sua própria personalidade e estilo. É sempre divertido ver como essas figuras interagem entre si ao longo da jornada.
Para evitar qualquer tipo de spoiler, não trarei mais detalhes a respeito da trama, que no geral é suficientemente satisfatória. Com cerca de 40 horas de duração, particularmente preferi a primeira metade da história – que acaba por ser a mais simples. Aquele clima de jornada por um mundo mágico é insuperável e tudo fica ainda melhor com os personagens principais, que são interessantes e profundos ao seu próprio modo.
Contudo, o cenário muda bastante a partir da segunda metade, quando a história acaba decidindo enfiar a maior quantidade de plot-twists possíveis para seguir o tom mais “complexo” do gênero. Seria injusto dizer que ficou ruim, mas no geral, não achei os arcos finais tão bons quanto os iniciais. O enredo dará muitas voltas e, no fim, pode acabar deixando aquele sabor de que grande parte daquela enrolação poderia ter sido evitada.
De qualquer forma, muitas vezes o que vale mais é a jornada do que sua conclusão. O que enriquece Visions of Mana não é a história, mas sim seu sistema de combate, que acaba sendo a parte mais forte de todos os títulos da franquia.
Multifacetado
Visions of Mana segue o combate em tempo real dos seus antecessores, mas aqui tudo foi devidamente renovado em diversas camadas. Batalhar continua divertido como sempre foi e dificilmente se tornará enjoativo ao longo de toda a extensão do jogo – mas muito disso se dá às diversas novidades presentes no sistema de classes.
Nos outros jogos, cada personagem possuía uma classe inicial específica com múltiplas possibilidades de evolução, cabendo ao jogador escolher qual proficiência seguir com cada um. A ideia principal permanece aqui, mas de um jeito muito melhor: através de itens chamados Elemental Vessels, tanto o protagonista quanto os membros da party podem assumir classes exclusivas de acordo com o elemento equipado.
Todo personagem disponível no jogo possui uma árvore de skills única para cada elemento, os tornando totalmente diferentes em combate. Conforme você investe em uma classe específica, o jogo permite ganhar algumas dessas habilidades de forma definitiva, depois podendo mesclá-las com outras proficiências. Com o tempo, você cria personagens com builds super variadas e pode sempre testar novas combinações de acordo com os desafios que lhe aguardam.
Esse é facilmente o melhor sistema de combate já visto na série Mana! Todos os outros jogos eram perfeitamente eficientes em sua proposta, mas ainda se prendiam a mecânicas mais simples. Como esse é o primeiro título moderno da franquia em muitos anos, ela finalmente atingiu um potencial que estava há muito tempo adormecido.
No demais, o jogo permanece sendo um JRPG imersivo e divertido na medida do possível. Os gráficos estão belíssimos, ainda seguindo o estilo animado característico da franquia; o mesmo vale para a trilha musical, que mantém o padrão de qualidade esperado. A única crítica vai para a performance, que vez ou outra sofre com quedas de framerate. Não é algo que vá estragar sua experiência, mas definitivamente incomoda em certos momentos.
Visions of Mana é a porta de entrada perfeita para quem nunca se aventurou na série, assim como um título obrigatório para qualquer um que tenha jogado seus jogos anteriores. Ele é simples em muitos aspectos, mas altamente eficaz no que mais importa. A espera chegou ao fim e, felizmente, teve um final feliz!