Um Brinde ao Sucesso é uma comédia dramática que conta a história de um grupo de amigos, dois casais, cuja dinâmica muda porque um deles começa a escrever um livro. A proposta de roteiro já não é assim tão interessante e, para piorar, não é compensada por um bom storytelling. Enquanto a personagem principal tem um sonho e não é apoiada por nenhuma das pessoas próximas a si – que poderia ser um bom gancho para a independência emocional e viver autenticamente, Léa (Bérénice Bejo) não enxerga que não querem seu sucesso e insiste em erros que qualquer bom amigo a aconselharia contra.
Os personagens secundários são motivados pela própria amargura e, de novo, poderia ser um bom plot mas é cansativo ver ações tão exageradas. A melhor amiga, Karine (Florence Foresti), se incomoda com o possível sucesso de Léa e decide que vai escrever também, mas fica constantemente criando atividades que possam ofuscar a amiga e dizer que ela não é tão boa assim.
Inspirado pela esposa, Karine, Francis (François Damiens) também procura novos hobbies nos quais ele é, por insistência numa comédia falha, muito ruim. O último coadjuvante é o namorado de Léa, Marc (Vincent Cassel), que prefere ter a dominância do poder em casa, o melhor trabalho, mais dinheiro e gosta de ver a protagonista infeliz e menor que ele.
A história não é desenvolvida para dizer porquê ela fica com esse grupo, e pior ainda, volta para ele mesmo depois de terem se separado. Mais tempo foi investido nos momentos “cômicos” de vergonha alheia do que no desenvolvimento dos arcos até da personagem principal.
Não há nada de especial na direção ou na fotografia do filme, nada de inovador ou até arriscado. O roteiro tem furos que não sei se foram causados por falta de tempo ou atenção ao enredo.
Em resumo, é um filme sofrido de se assistir por conta das situações degradantes e desnecessárias cujas Léa passa. O título original em francês “Les bonheurs de uns…” é traduzido literalmente para “A felicidade de uns…” e acho que o título dado “Um Brinde ao Sucesso” não só tem nada a ver como poderia ser bem mais cômico algo como “Pimenta nos olhos dos outros…” ou algo simples como “Amigos da onça”.