Twisters é um filme-catástrofe sem muitos segredos, e o seu principal fundamento é entreter. Com cenários de destruição em grande escala, o filme tem um equilíbrio sólido entre a aventura, o suspense, e uma pequena dose de comédia romântica. No entanto, muito além da adrenalina através dos grandes espetáculos audiovisuais que uma produção desse gênero exige, Twisters também é atrelado ao drama humano em menor escala, que funciona para gerar emoção ao telespectador em determinados momentos, conceito bastante característico desse tipo de produção.
Chegando vinte e oito anos após o lançamento de seu original, Twister (1996), de Jan de Bont, os produtores de Hollywood viram uma oportunidade de reciclar um grande clássico e decidiram que essa lucrativa peça cinematográfica deveria ser explorada novamente – mesmo que não seja uma grande novidade. E no final, não fizeram nada muito surpreendente.
Ainda assim, Twisters é empolgante na medida certa, tem personagens carismáticos e uma introdução impressionante. Na trama, após uma missão desastrosa em tentar “domar” um tornado, Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) e Javi (Anthony Ramos) utilizam um novo sistema de rastreamento de tempestades que pode salvar milhões de vidas. Montando uma equipe, eles vão para Oklahoma no meio da temporada de tornados, onde cruzam o caminho do YouTuber, Tyler Owens (Glen Powell), um meteorologista treinado que deixou o ofício para gravar arriscadas aventuras dentro de tornados.
Considerado mais como um reboot do que uma sequência do original – o único “personagem” que retorna é Dorothy, o dispositivo científico inventado para escanear os dados internos de um tornado, mostrado no filme de 1996.
De modo geral, o elenco de Twisters é morno, mas com grande potencial. E apesar de Daisy Edgar-Jones ser a protagonista do filme e entregar um desempenho realmente satisfatório, quem rouba a cena é Glen Powell.
É inevitável que o ator chame a atenção assim que aparece em cena e tudo ganha mais brilho, mesmo quando ele ostenta um visual medíocre de um caipira estadunidense com o seu chapéu de cowboy e uma camiseta branca molhada. O carisma inerente de Powell pode fazer um filme solidamente bom parecer ótimo, tudo graças ao seu charme sem esforço que eleva qualquer parceiro de cena; e no final, você até compra uma subtrama romântica simplesmente porque é ele quem está vendendo. E mesmo que seja apenas um papel coadjuvante, o ator consegue aplicar mais personalidade ao filme.
O filme também dá uma amostra grátis de outro queridinho de Hollywood no momento. David Corenswet, o atual Super-Homem da DC, de James Gunn, ganha minutos relevantes na trama, mesmo que ele apareça com um personagem sem muita profundidade e importância, mas que está longe de ser ruim.
Os fãs de Jurassic Park podem se sentir nostálgicos e familiarizados já que Twisters é um projeto supervisionado por ninguém menos que Steven Spielberg, que ardilosamente adiciona elementos estéticos e sonoros característicos em seus filmes, que são bem conhecidos do público.
Twisters é um pequeno triunfo para os aspectos que se esperaria, é um filme leve e funciona em todo o seu escopo. Apesar de um orçamento soberbo de US$ 200 milhões em sua produção, não há nada aqui tão memorável, embora cada momento de destruição exagerada seja encenado de forma limpa. Talvez o grande diferencial de Twisters tenha sido a direção de Lee Isaac Chung – que antes só tinha feito dramas mais intimistas e modestos – injeta em um blockbuster o seu ponto de vista singular que pode ser intensamente sentido por toda parte na trama.
De modo geral, Twisters está longe de ser perfeito, mas Lee Isaac Chung consegue desafiar as probabilidades ao sair da forma “mais do mesmo” e cria algo mais interessante. O filme impressiona em cenas definidas, mas é sua marca de drama delicado e centrado nos personagens entrelaçados que faz com que este pareça mais fresco do que outros atualmente.