Trem-Bala é um filme de ação sem heróis, apenas um bando de coitados (alguns nem tanto) tentando sobreviver. O personagem principal, Joaninha (Brad Pitt), recebe seu primeiro trabalho – pegar uma maleta – após ter sido afastado para cuidar de sua saúde mental. Ele só não esperava que tivessem outras pessoas atrás da mesma maleta.
Ambientado no Japão, o filme tem pouquíssimos personagens de fato japoneses e pouco japonês falado, mas se tratando de um filme americano, já é progresso não colocarem os personagens nipônicos como vilões ou ninjas e utilizarem versões japonesas de músicas ocidentais, não é? Existem algumas referências de montagem a mangás e filmes orientais.
Brad Pitt está em busca da paz interior e tem um senso de humor maravilhoso na trama e, de certa forma, me lembrou um pouco o Tyler Durden. Joey King (O Príncipe) foi uma aposta e tanto para o papel, já que é famosa por filmes adolescentes românticos (A Barraca do Beijo, Ainda Estou Aqui) e personagens mais indefesos em filmes de terror (Invocação do Mal, Slender Man), mas gostei muito da performance dela e acho que fizeram bom uso da fama de “menininha” dela. Andrew Koji (Kimura) é o personagem mais dramático do filme e achei interessante o caminho que fizeram da dor dele para a raiva, a motivação, no caso, o ator personifica muito bem essas emoções.
Além de Pitt, os dois destaques cômicos de Trem-Bala são “os gêmeos”, Tangerina (Aaron Taylor-Johnson) e Limão (Brian Tyree Henry). Que dupla fantástica! Não só por serem engraçados, mas vê-se bem a química entre os dois, tudo flui entre eles como se realmente passassem muito tempo juntos. O timing de comédia deles também é maravilhoso, se me dissessem que eles improvisaram as piadas e cortadas, eu acreditaria.
O diretor, David Leitch, dirigiu apenas oito filmes, mas trabalhou como dublê ou coordenador de dublês em 48 (inclusive ele já foi dublê de Brad Pitt cinco vezes, inclusive em Clube da Luta, mas nós não falamos dele)! Existe um foco muito grande nas lutas, as câmeras acompanham os movimentos, são feitos cortes rápidos para dar velocidade às sequências mas também planos em câmera lenta para focar em detalhes. O filme tem cores muito vivas também, acho que ele flerta um pouco com a estética do estilo italiano giallo (cores vivas e neon). Gosto muito do uso da “câmera de primeiro plano” que ele faz em alguns instantes com objetos inanimados. Leitch dirigiu Deadpool 2 e trouxe alguns atores de volta em Trem-Bala como Zazie Beetz (A Vespa, e Domino em DP2) e o próprio Brad Pitt (Vanisher).
No final, é um filme cheio de cameos e surpresas positivas, eu diria. Me diverti do início ao fim. Quando vi que o filme se passaria dentro de um trem-bala fiquei esperando algo meio Missão Impossível, meio Wolverine: Imortal, mas excedeu bastante minhas expectativas! E pra quem pegou a referência do Filho (Logan Lerman) como “Percy”, tamo junto!