Nossa querida Lara Croft está há um bom tempo sumida dos games, mas ao menos a Aspyr está se preocupando em reviver todos os clássicos da personagem nesse meio tempo. Tomb Raider I-III Remastered trouxe uma coletânea interessante e cheia de qualidade, compilando a trilogia mais memorável da arqueóloga com alguns upgrades bacanas.
Já Tomb Raider IV-VI Remastered dá continuidade à coletânea com a infame segunda trilogia da franquia, incluindo os jogos The Last Revelation, Chronicles e Angel of Darkness. Quem chegou a jogá-los em sua época certamente não tem boas memórias deles, especialmente dos dois últimos, que eram no mínimo problemáticos. Será que, 20 anos depois, esses títulos finalmente conseguiram se redimir?
Reescrevendo o passado
Quando paramos para analisar friamente os jogos presentes nesta coletânea, chegamos a conclusão de que talvez alguns deles tenham sido injustiçados em sua época. Tomb Raider: The Last Revelation, lançado em 1999 para PS1 e PC, certamente foi o maior deles; na época ele foi bem criticado pelo fato de não ser muito inovador em relação aos seus três antecessores, trazendo apenas mais do mesmo.
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Revisitando ele agora com o upgrade gráfico e controles modernizados, posso afirmar facilmente que The Last Revelation é tão bom quanto a trilogia original – só teve o azar de ser julgado por fãs bem exigentes na época. É compreensível, a franquia já tinha estabelecido um certo padrão de excelência, então todos queriam uma aventura mais épica do que a outra. O problema é que ninguém sabia o que estava por vir…
The Last Revelation tem tudo que faz um Tomb Raider ser tão bom: exploração de ruínas antigas, puzzles inteligentes, combates empolgantes etc. Apenas um ano depois, o quinto jogou já bateu na porta: Tomb Raider: Chronicles, lançado em 2000 para PS1, PC e Dreamcast. Curiosamente, o Core Design (estúdio responsável pelo título) não queria fazer este jogo, já que tinham colocado um ponto final na saga no fim do quarto título – mas a Eidos simplesmente os obrigou a fazer a sequência!
Após a pressão amigável, a equipe se dividiu em duas para a criação de Chronicles e Angel of Darkness – e aqui a tragédia já estava anunciada. A má vontade dos devs fica evidente em cada segundo desses jogos e certamente os prazos apertados colaboraram com a má qualidade dos jogos. Chronicles ainda se salva, mas acaba sendo um título completamente esquecível e sem alma. Já Angel of Darkness realmente merece a reputação que tem.
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O sexto título de Lara Croft foi uma das maiores tragédias da carreira da personagem. Ele não carece apenas de alma, mas de tudo que faz um jogo ser bom. Sua jogabilidade era medonha e possui diversos fatores que não existiam no restante da franquia, como uma barra limitada de vigor. Eles simplesmente nerfaram Lara sem motivo algum, a deixando mais fraca em todos os sentidos.
Vale a pena revisitar?
De forma direta, a resposta para essa pergunta depende da sua experiência pessoal com Tomb Raider. Quem jogou esses jogos na época pode tirar proveito de revisitá-los com o upgrade gráfico e outras melhorias, mas quem os deixou passar vai simplesmente achá-los uma completa perda de tempo.
Um recurso legal que a Aspyr deixa nos seus remasters é a possibilidade de alterar entre os gráficos atualizados e uma versão adaptada dos antigos. É sempre divertido ficar comparando o antigo com o novo – mas vale ressaltar que o modo clássico ainda roda em alta definição e em widescreen, então não é algo tão fiel aos primórdios. O jogo também está rodando em 60 fps constantes, outro diferencial de qualidade.
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Os jogadores também podem alternar entre o esquema de controles clássico ou algo mais moderno, que nos dá total liberdade para controlar a câmera. Até mesmo Angel of Darkness fica levemente mais prazeroso de jogar assim (não que isso reflita na qualidade geral do jogo). Por isso, se existe um jeito “certo” de experimentar esses títulos, definitivamente seria nesta coletânea.
Tomb Raider IV-VI Remastered é uma coletânea interessante em termos de preservação de jogos antigos, mas já se tratando da qualidade dos títulos incluídos, apenas um se salva de verdade. Chronicles continua sendo um jogo fraco e Angel of Darkness é indiscutivelmente um dos piores Tomb Raiders já feitos. Já The Last Resort complementa a trilogia original com maestria.