Streets of Rage 4 foi facilmente um dos lançamentos mais marcantes de 2020 e já é um dos melhores beat ‘em ups modernos, então é claro que quanto mais conteúdo inédito lançarem, melhor! Para quem já cansou de zerar a campanha com todos os personagens, liberou tudo que era possível e, quem sabe, até platinou o jogo, o primeiro DLC é um presentão da Dotemu para esses fãs mais hardcore que nunca dispensam um bom desafio.
Mr. X Nightmare (ou O Pesadelo de Mr. X em português) traz um modo de sobrevivência infinito para ninguém botar defeito. Não estamos falando somente de uma novidade barata para prender o jogador por incontáveis horas, mas sim de um modo que muda completamente a dinâmica do jogo, até mesmo para aqueles que já o conhecem de cabo a rabo. Para quem se perguntava se esse jogo podia ficar ainda melhor, a resposta é sim!
Pancadaria sem fim
Apesar de um tanto desnecessário, esse simples DLC também tem um enredo por trás. Tudo se passa após o fim da campanha principal, com nosso grupo de heróis embarcando em um simulador de realidade virtual que tenta reproduzir um reflexo da mente de Mr. X, o grande vilão de toda a série. O objetivo é treinar o máximo que conseguirem para se prepararem melhor para os desafios que virão, então sim, tem mais Streets of Rage vindo aí!
Essa é toda a história disponível nesta expansão, o restante é só gameplay e muita pancadaria, que é o que realmente importa neste jogo. Esse simulador oferece dois modos de jogo: sobrevivência e desafio semanal. O primeiro é bem autoexplicativo, consistindo apenas em um modo sem fim com dificuldade crescente e fases geradas aleatoriamente, onde podemos testar nossas habilidades até o limite. Já o semanal traz um desafio que muda toda semana, porém já pré-definido.
Em ambos os casos, nós só contamos uma única vida e precisaremos enfrentar hordas de inimigos, mas não de mãos vazias. Cada fase concluída nos recompensa com um poder único, que podemos escolher de acordo com nossa preferência. Da mesma forma que ele garante algum efeito benéfico, ele também tira alguma coisa em troca, então pode acreditar: esses desafios não são nem um pouco fáceis. Um exemplo: você pode aumentar o dano dos seus ataques básicos, mas seu personagem não conseguirá mais pular.
Dessa forma, você ganha vantagens sacrificando alguns elementos básicos do gameplay e isso pode pesar muito dependendo do personagem que estiver jogando. Conhecer bem seu lutador e explorar ao máximo seus prós e contras faz parte do processo de aprendizado deste DLC. Como tudo é aleatório, nem sempre é possível escolher algo que só nos traga vantagens, mas a vida é assim mesmo.
“It’s a trap!”
Se já não bastasse o balanceamento maluco que esses perks nos impõem, as fases em si também são um show de horrores, mas no bom sentido. Todas trazem cenários inéditos, com boa rotatividade de inimigos e muitas, mas muitas armadilhas! É praticamente impossível saber o que te espera a seguir e isso é excelente, pois aumenta muito o fator replay.
Nesses modos (especialmente o de sobrevivência) os inimigos aparecem aos montes e com combinações bem malucas, que não chegamos a ver na campanha. Balanceamento não é o forte aqui, mas isso também faz parte da proposta do DLC, que claramente quer ser difícil a qualquer custo (e consegue).
As armadilhas acabam sendo mais mortais que o excesso de inimigos, principalmente em fases muito avançadas. É claro que uma dezena de brutamontes querendo fazer picadinho de você já é ruim o suficiente, mas em alguns momentos existem tantas armadilhas na tela que fica impossível de fazer qualquer coisa – e quanto mais avançamos, mais frequente isso se torna.
Nessas horas, você só vai ficar assistindo seu personagem quicar de uma pra outra até que, por algum milagre, consiga se livrar delas. Dá para morrer em um piscar de olhos e perder seu progresso de horas, mas em compensação os inimigos também estão sujeitos a passar pelo mesmo. Não é incomum chegarmos em uma fase em que todos os inimigos acabam morrendo por causa das armadilhas ao redor e você não precisa desferir um único soco. É uma faca de dois gumes.
Apesar desses dois modos parecerem pouco conteúdo, o que enriquece sua duração é o alto fator replay, que também já se fazia presente no jogo base. É praticamente impossível zerar Streets of Rage 4 uma única vez, assim como você não vai querer abandonar esse modo de sobrevivência após sua primeira morte. Estamos falando de infindáveis horas de gameplay que podem ficar ainda melhor ao lado de amigos.