*Este review foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela Ubisoft Brasil
Demorou mais que o esperado para a franquia Star Wars receber seu primeiro jogo em mundo aberto – e aposto que ninguém poderia imaginar que seria pelas mãos da Ubisoft. Logo no seu anúncio, Star Wars Outlaws me ganhou pela proposta, que foge um pouco do contexto daquela guerra sem fim entre Jedi e Sith. Aqui o foco está no submundo da galáxia, composto por inúmeras organizações criminosas e trapaceiros que visam apenas benefício próprio.
Para algumas pessoas, Outlaws pode soar apenas como mais um jogo clichê em mundo aberto, mas quem é fã da franquia certamente não verá problema algum nisso. Lidar com criminosos, formar alianças e quebrá-las estrategicamente faz parte da rotina deste título – um lado injustamente esquecido da franquia. Esta é mais uma obra para nos lembrar que Star Wars vai muito além da Força e dos seus usuários!
Lei do mais forte
Star Wars Outlaws nos apresenta à sua própria Han Solo: Kay Vess, uma jovem que ganha a vida com trabalhos ilegais e bem arriscados. Ao lado do seu pet Nix, a moça busca por uma oportunidade de ouro para subir na vida, mas acaba mexendo com peixe grande. Ao roubar um dos maiores criminosos da galáxia, Kay se torna uma das pessoas mais procuradas do sistema e precisará lutar pela sua sobrevivência.
Seguindo o padrão de jogos mundo aberto, o título gira em torno de diversas missões – principais e secundárias. Quase todas elas contribuem com uma das quatro facções criminosas presentes no game: os Pyke, a Aurora Escarlate, o Clã Ashiga e o Cartel Hutt, liderados pelo saudoso Jabba. Você aceita os trabalhos em nome de uma gangue específica, mas no meio do caminho, sempre terá a oportunidade de virar a casaca e beneficiar um grupo em detrimento do outro.
Outlaws conta com um sistema de reputação que varia o tempo inteiro. Ajudar uma facção lhe dará pontos com a gangue beneficiada, mas tirará nas demais – afinal, todas almejam as mesmas coisas nessa hierarquia de poder. Ao longo dos cinco planetas disponíveis para explorar, haverão vários territórios dominados por grupos diferentes (incluindo o Império), o que definirá o quão difícil será sua exploração pelo mapa.
Quando você tem uma boa reputação com a facção que domina o território, Kay pode vagar despreocupadamente pelos seus domínios. Quando eles não gostam muito de você, ela não será bem-vinda na região, forçando uma abordagem furtiva que, na maioria das vezes, acaba em tiroteio. Nesse quesito, o jogo é excelente! Todas as missões nos apresentam escolhas difíceis e o que você decidir traz impactos reais àquele mundo.
Vida bandida
O jogo segue a mesma lógica de qualquer outro título da Ubisoft, trazendo um mapa aberto repleto de atividades paralelas para nos manter ocupados. Contudo, dessa vez os desenvolvedores escutaram uma das críticas mais antigas em relação aos seus jogos. Os títulos da Ubi sempre pegaram muito na mão do jogador, apontando direções especificas para absolutamente qualquer objetivo disponível; isso não acontece tanto em Star Wars Outlaws.
Enquanto exploramos as diferentes cidades disponíveis pelos planetas, vamos nos deparar com diversas conversas e documentos que dão pistas sobre pontos de interesse. Quase todos se limitam a baús com itens úteis para a jornada, mas nem sempre o jogo vai lhe apontar a localização exata daquela recompensa. Muitas vezes, será uma verdadeira caça ao tesouro, sendo necessário ler as dicas com atenção e usar a cabeça para solucioná-las.
Por um lado, isso é muito bom, pois torna as atividades secundárias mais instigantes; por outro, é ruim porque você vai levar o dobro de tempo para resolver tudo. O que mais me incomodou é o fato do jogo não avisar que ainda não temos o item ou a habilidade necessária para resolver um determinado objetivo. Muitas vezes, demorei um bom tempo bancando o caçador de tesouros para dar de cara com algum obstáculo intransponível.
Ao menos a variedade de atividades paralelas é grande, não se limitando a apenas três ou quatro tipos de missões que se repetem infinitamente. Explorar os planetas de Star Wars Outlaws é divertido, mas não chega a ser tão interessante quanto as missões principais. Mesmo com vários objetivos secundários, não demora muito para se perder a paciência e focar só naquilo que importa.
Abordagem furtiva
Diferente de tantos outros jogos de Star Wars com foco em combate, Outlaws traz uma abordagem mais furtiva, incentivando o jogador a entrar e sair dos lugares sem ser visto. Isso combina perfeitamente com a temática de ladrão e é até mais divertido do que simplesmente sair fuzilando todo mundo – o que também é possível, diga-se de passagem.
As bases sempre dispõem de mais de um caminho alternativo, permitindo que Kay as invada por dutos de ventilação ou paredes escaláveis. A criaturinha Nix também é uma excelente aliada, possibilitando desativar câmeras, distrair inimigos e pegar itens à distância. Aprender a utilizar as habilidades de Nix a seu favor é essencial para se dar bem no jogo.
Alternativamente, também é possível bancar o exército de uma mulher só. Contudo, não espere um desafio muito grande – os inimigos são completamente estúpidos e você conseguirá eliminar hordas e mais hordas com uma mísera pistolinha. A única arma que contamos no jogo é essa blaster, mas ainda é possível coletar opções mais poderosas de inimigos caídos; infelizmente seu uso é temporário, então não é possível carregar um arsenal consigo.
Os únicos inimigos que me ofereceram um certo desafio foram os Death Troopers, que aparecem somente quando o nível de procurado de Kay está no máximo. Eles são os soldados de elite do Império, então ao menos fazem jus à sua reputação. No geral, recomendo manter a abordagem stealth para aproveitar Outlaws “do jeito certo”.
Guerra nas estrelas
Star Wars Outlaws também nos permite explorar parcialmente o espaço com uma nave. O jogo é bem limitado nesse quesito, mas é uma adição bem-vinda. Para quem jogou Starlink: Battle for Atlas, o gameplay da nave é muito parecido, deixando bem evidente que a Ubisoft andou reciclando algumas coisas por aqui.
Quanto a isso, achei que poderiam ter incrementado um pouco mais a exploração espacial. Entendo que foi apenas um “agrado” para expandir o conteúdo do jogo, mas seria incrível poder explorar o espaço livremente entre um planeta e outro – ainda que fosse completamente vazio.
Já na parte técnica, o jogo está suficientemente satisfatório no PS5. Em suas configurações padrão, ele roda em resolução 21:9 para manter um efeito cinema; ao remover as bordas, as imperfeições gráficas ficam bem perceptíveis (especialmente no modo performance), mas não demora muito para se acostumar. Ao menos a performance está bem estável nessa build inicial, o que compensa o downgrade.
Em contrapartida, me deparei com inúmeros bugs ao longo do jogo – em alguns casos, sendo forçado a carregar um save anterior para reverter o problema. Vindo de um game da Ubi, não fiquei surpreso, especialmente por se tratar de uma versão antecipada; acredito que muitos desses problemas serão corrigidos nas primeiras semanas de lançamento.
Para quem não é tão fã de Star Wars, Outlaws é um jogo comum e bacana na medida do possível. Para quem é fã, é um título ainda mais divertido e fácil de recomendar, apesar dos seus deslizes. Me encaixo no segundo grupo e fiquei bem satisfeito no geral, mas ainda acho que ele poderia ter sido melhor. De qualquer forma, espero que este seja apenas o primeiro de muitos jogos que explorem diferentes abordagens dentro da franquia!