Imagine só como seria legal explorar a Hyrule de Breath of the Wild surfando em um hoverboard (uma espécie de prancha voadora). Talvez seja possível criar algo semelhante em Tears of the Kingdom, mas não com o mesmo dinamismo visto em Star Overdrive – um jogo que claramente bebeu muito da fonte desses jogos.
Dentro da velha premissa de naufrágio em um planeta desconhecido, a Caracal Games nos traz uma aventura divertida e até surpreendente – mesmo que absolutamente tudo neste jogo remeta a algum outro título que você já jogou. Para os amantes dos Zeldas modernos e dos jogos clássicos de snowboarding, temos aqui uma joinha quase rara que certamente merece sua atenção.
Skatebording no espaço
Em Star Overdrive, assumimos o papel de BIOS, um viajante espacial descolado que, na tentativa de encontrar um amigo desaparecido, acaba caindo em um planeta hostil chamado Cebete. Se tratando de um jogo totalmente inspirado em Breath of the Wild, o enredo deste título é totalmente fragmentado e contado através de registros de áudio, todos cuidadosamente espalhados pelo vasto mapa.

A exploração também segue o mesmo formato. Você começa o jogo sem saber o que fazer e cabe exclusivamente à sua curiosidade começar a explorar aquele território. Conforme se desbrava o mapa, descobrimos mais sobre a história e aquele mundo gradativamente – um estilo de jogo que, ao menos pessoalmente, me agrada bastante.
É fato que Cebete não tem metade do charme de Hyrule, mas ao menos o método de exploração em Star Overdrive é bem legal. Surfar no seu hoverboard é o principal destaque do jogo e as mecânicas não se limitam exclusivamente à locomoção. É possível até sair fazendo manobras no melhor estilo 1080 Snowboarding – uma experiência inusitadamente nostálgica.
O mapa é bem vazio, mas os desenvolvedores souberam balancear esses momentos de solidão com puzzles e combates. Digamos que eles fizeram bem sua lição de casa.

Combate musical
Para lutar, BIOS utiliza uma arma bem maluca: uma mistura de teclado e guitarra com espada. Essa arma possui uma relevância equivalente ao hoverboard, já que todas as mecânicas centrais do jogo giram em torno dela.
O combate é divertido e um tanto musical, trazendo um aspecto que eu não esperava ver neste jogo. Todos as habilidades que desbloqueamos ao longo do jogo (e que seriam direcionadas para os puzzles) podem ser utilizadas nas batalhas, então aos poucos as coisas assumem uma complexidade bem interessante.
BIOS está cheio de truques na manga e grande parte dessas habilidades lhe permitem manipular o ambiente ao seu redor de alguma forma. É claro que, se ainda formos compará-lo com os poderes de Link em BOTW e TOTK, a realidade aqui é bem mais limitada – mas não deixa de ser legal.

É inegável que o jogo tenta ser autêntico em sua proposta, mas também é inevitável que façamos uma comparação constante com suas maiores inspirações. Até mesmo o visual remete à Zelda, trazendo um estilo de cel shading muito semelhante. Não devemos enxergar isso como um ponto negativo, mas é fato que essa comparação recorrente possa soar ruim para algumas pessoas.
Dito isso, podemos concluir que Star Overdrive é um bom jogo. O ponto alto está no gameplay, que diverte tanto na exploração quanto nos combates. O ar de mistério da narrativa também entretém, mas no geral, ele não entrega nada do que já não vimos em outros títulos mais populares. Contudo, essa segue sendo a única forma de jogar BOTW com um hoverboard!