A franquia Burnout está na geladeira há aproximadamente 7 anos, onde o último título com seu nome deu as caras em 2011, chamado Burnout Crash!, um joguinho simples que apesar de bem recebido não era exatamente o que os fãs queriam. Need for Speed Payback, o título mais recente da franquia de jogos de corrida mais famosa da EA, apresentava alguns elementos de Burnout que deixou todo mundo com uma pulga atrás da orelha. Afinal, se a EA quer que os jogadores destruam carros com estilo em algum jogo, por que não lançar outro Burnout?
Foi nessa linha de raciocínio que muito provavelmente resultou nesse Remastered que acabamos de receber. Burnout Paradise foi um dos jogos mais aclamados da série, pois ele conseguiu reconstruir o gênero de corrida com um mundo aberto bem interessante e muitas atividades para o jogador realizar. Esses elementos foram infinitas vezes reutilizados nos jogos posteriores da EA, Need for Speed que o diga. Hoje, no seu aniversário de 10 anos, a EA resolveu relançar essa joia rara em uma versão remasterizada, e agora nós podemos concluir se Burnout Paradise envelheceu bem ou não.
Bem-vindo à Paradise City
Em Burnout Paradise você não segue um enredo repleto de plots e desculpinhas para justificar o porquê você gosta tanto de quebrar carros em corridas ilegais. O game segue o próprio ritmo do jogador, pois seu único objetivo no jogo inteiro é conquistar uma carteira de motorista do mais alto nível. Para isso você terá de vencer uma série de eventos espalhados pelo mapa, cada um com seu objetivo e claro, todos voltados para o que Burnout faz de melhor: destruição de carros em alta velocidade.
O mapa não é grande e caso você tente cruzá-lo de uma ponta a outra, levaria pouco mais de 3 minutos. Ele é dividido em duas ilhas e você deve explorá-lo para descobrir novos eventos e pontos de interesse no mapa, como postos de gasolina, mecânicos e um ou outro ferro velho. A variedade de eventos não é grande e é bem básica, indo de corridas e desafios de pontuações até percursos onde seu único objetivo é destroçar o máximo de oponentes que conseguir. De longe é a atividade mais divertida do jogo e até hoje vai conseguir te prender na frente da TV por um bom tempo, afinal não tem nada mais prazeroso que ver um carro voando em slowmotion por culpa sua.
Agora um verdadeiro problema que poderia ter sido corrigido nesse remaster (e não foi) é a ausência de GPS no jogo. Tudo bem que o fato do game não ter nada indicando seu caminho faz parte da liberdade que compõe a sua proposta, afinal os produtores queriam que você mesmo fizesse suas rotas e tomasse o rumo que bem entender para vencer os desafios. Ainda assim, um jogo de corrida em mundo aberto não ter função de GPS é maldade do mais alto nível, pois além de obrigar o jogador a abrir o mapa o tempo inteiro para se situar e perder tempo precioso no processo, ainda faz você se perder constantemente durante as corridas e até perder o evento por conta disso.
A ausência de GPS acaba compondo toda a dificuldade do jogo, pois do resto tudo é fácil demais. Basicamente todo carro que encostamos já bate ao menor contato e toda corrida é facilmente vencida caso você acerte o caminho. Sabendo disso o jogador entra em uma longa rotina de escolher apenas os eventos que mais lhe divertem e cumpri-los até conseguir mais um upgrade na sua habilitação, pois sempre que você atinge tal feito os eventos resetam. Quanto maior o seu nível, mais demorado será para o próximo upgrade, o que exigirá mais voltas na cidade procurando os eventos, e essa será a sua vida em Burnout Paradise.
Nunca sai de moda
Por mais repetitivo que o jogo seja, toda essa repetição é bizarramente divertida, e mesmo enjoando, após algum tempo sempre dá aquele gostinho de “quero mais”. Esse remaster ainda vem acompanhado de todas as DLCs lançadas na versão original, então você ainda terá uma série de carros diferentes com novos desafios para cada um, dentre eles motos, carros lendários, de polícia e até de brinquedo.
Também teremos disponível a DLC Big Surf Island, que nada mais é que o mesmo mapa com uma temática mais tropical de verão, trazendo mais alguns novos desafios para estender a sua jogatina. É claro, não podemos esquecer do batalhão de carros que temos presentes aqui, dos mais esportes até os clássicos, e a grande maioria é desbloqueado da melhor maneira possível: quebrando eles! Conforme você progride, novos carros de corrida irão surgindo no mapa, e sua tarefa será caçá-los e destruí-los para poder usá-los quando quiser. Não queira explicações, em Burnout a destruição é a lei, e é isso que o torna muito divertido de se jogar.
A rádio do jogo é uma coisa bem difícil de se definir, pois a playlist tocada é bem aleatória. Hora estamos curtindo um metal intenso, como Killswitch Engage ou Atreyu, e do nada começa a tocar Avril Lavigne… Nada contra, mas é bem estranho ouvir essas músicas “teen” em um jogo com foco em destruição, mesmo acreditando que eles tenham usado essa música apenas para manter o bom humor. Quanto aos gráficos, foi feito uma polida considerável em tudo, assim como as cores estão levemente mais realçadas, mas no geral é só um remaster mesmo. Talvez quem tenha a oportunidade de jogar em uma TV 4K possa sentir mais diferença, pois essa versão tem suporte para TVs do tipo.
Burnout Paradise Remastered é um excelente jogo, mas não é uma novidade, é só uma versão maquiada de um jogo de 10 anos atrás. Agora fica a dúvida: será mesmo que a EA está avaliando a possibilidade de fazer um novo Burnout se baseando na recepção desse remaster? Se esse for o caso, a resposta que eles queriam já está mais do que óbvia. Burnout deve retornar em grande estilo com um jogo totalmente novo, e enquanto isso não acontece, Paradise Remastered vai servir bem para matar a saudade. Se tratando de uma remasterização, o jogo não está saindo por um preço muito justo, mas para quem nunca jogou é um investimento mais do que recomendado. Se você já jogou antes e quiser aproveitar as eventuais promoções que virão, aí sim vale a pena, pois não importa a idade, se o jogo é bom, ele deve ser rejogado.
Este review foi realizado com uma cópia do jogo enviada pela EA GAMES