O novo jogo do estúdio de Tim Schafer é mais um daqueles roguelites que inundaram a indústria de games nos últimos meses – mas dessa vez com a cara da Double Fine. Já fazia um tempo que eu não me deparava com um jogo do gênero tão viciante (desde Dead Cells, para ser mais exato), mas felizmente eles souberam fazer direito e deixar este jogo divertidamente cruel.
RAD se passa em uma realidade onde a humanidade já sobreviveu a dois apocalipses e está rumando para o terceiro. A esperança está nas mãos de corajosos adolescentes que partem em uma jornada por um deserto radioativo em busca de energia para o seu povo, mas é claro que isso vai lhes custar muito.
Fallout para crianças
Tratando-se de um roguelite, o game é composto por mapas gerados aleatoriamente, morte definitiva e a perda constante de todo o nosso progresso, então pode se acostumar a passar raiva porque é assim que funciona.
A campanha não é longa e é possível concluí-la em cerca de duas horas (se você conseguir sobreviver), mas a graça de RAD não está em terminar a história e sim em descobrir o maior número possível de mutações para o seu personagem.
Conforme exploramos e matamos inimigos, nosso adolescente vai acumulando radiação em seu corpo e com o tempo vai adquirindo mutações que lhe garante poderes únicos. Elas são bem variadas e úteis ao seu próprio modo, mas ainda existem versões aprimoradas de cada uma, assim como versões corrompidas.
São muitos poderes para descobrir e cada um exige uma adaptação de gameplay completamente diferente, forçando o jogador a sempre criar novas estratégias com base nas mutações adquiridas. O fator aleatório instiga a sempre jogar mais e torcer para obter novidades, mas ao mesmo tempo desanima, pois quanto mais poderes você já tiver descoberto, menores serão as chances de vir algo novo.
Ainda existem as exomutações, habilidades passivas que aprimoram (ou não) nossas capacidades, além dos artefatos, que também podem ser equipados para obter alguma vantagem. No geral, é quase impossível obter a mesma combinação de poderes e habilidades duas vezes, o que acaba por ser o maior atrativo de RAD.
Apocalipse oitentista
A campanha é composta por três fases diferentes, cada uma com dois cenários. O fato deles serem gerados aleatoriamente ajuda a tirar aquela sensação de déjà vu, mas ainda assim poderiam ter incluído mais fases, pois além de serem muito semelhantes não existe um salto de desafio tão grande entre uma e outra.
A maioria dos inimigos se repetem até o final e quase todos possuem um único ataque, o que torna muito fácil decorar seus padrões e sobreviver às hordas. Ainda assim, quem já concluiu o jogo uma vez pode se sentir bem desmotivado em continuar jogando, pois tudo já estará manjado demais e oferecerá poucos desafios.
Quem gosta de uma competição saudável pode encarar os Desafios Diários, que não muda quase nada da campanha principal. Aqui você escolhe um personagem e deve concluir o maior número de fases no menor tempo possível para pontuar e assim ganhar um espacinho no ranking mundial.
Os gráficos não são nada exuberantes, mas combinam bem com a atmosfera do jogo. A visão isométrica ajuda a deixar tudo mais detalhado e as cores fortes realçam o estilo oitentista que está tão na moda. Além do visual do mundo e dos personagens, a trilha sonora só reforça a temática anos 1980, com muito synthpop e faixas que lembram músicas famosas da época como Jump do Van Halen e Take on Me do a-ha. É muito bom!
RAD consegue se sustentar no meio dessa infinidade de roguelites e é mais um ótimo título da Double Fine. Não é um jogo que inova o gênero em nenhum sentido, mas ele cumpre o que promete: é divertido, viciante e garante muitas horas de gameplay – além do fato da temática pós-apocalíptica oitentista ser muito legal. Por incrível que pareça, a versão de PS4 é a que está com o valor mais em conta, então fica a dica para quem quiser adquirir o game por um preço mais que justo.