*Este review foi realizado com uma cópia disponibilizada pela Nintendo
Pokémon Sword e Shield foi um dos títulos mais aguardados da famigerada franquia dos monstrinhos de bolso e ao mesmo tempo um dos mais controversos. O jogo marcou a primeira entrada da série principal (pois Pokémon Let’s Go não conta) a ser lançado para o Nintendo Switch, com uma nova geração de criaturas e novas regiões a serem exploradas, só que dessa vez inspiradas em paisagens do mundo real. Até aí tudo bem, nada que não esperamos de um novo Pokémon, mas isso não foi tão bem recebido como de costume.
Enquanto muitos caíram nas graças da hype e aguardaram ansiosamente pelo lançamento, muitos outros o julgaram cruelmente sem nem mesmo terem experimentado. A quantidade de hate e tentativas de boicote que vimos algumas semanas antes do lançamento não foi pouca, e o pior é que não havia nenhum motivo concreto para isso: uns reclamavam que o jogo não teria a pokédex completa, outros que o jogo estava feio, outros que os iniciais eram toscos e por aí vai.
Finalmente tivemos a oportunidade de tirar todas essas dúvidas e adivinhem só? O jogo está incrível! Não está perfeito, mas também entrega tudo que prometeu. Fãs de Pokémon, podem respirar aliviados, pois Sword e Shield é mais uma aventura imersiva e tão divertida como sempre foi.
Bem-vindo à Galar
A nova região é Galar, contendo cidades e locais levemente inspirados principalmente nos países do Reino Unido, então é comum você achar que está passeando por alguns lugares que talvez já tenha visitado na vida real. Como de costume, você é um menino que ganha um Pokémon e, junto com seu rival, parte em uma jornada para vencer os oito líderes de ginásio e assim se tornar o grande campeão – título que pertence ao irmão mais velho do seu rival, que por sinal é a mesma pessoa que te dá seu inicial. Porém, agora temos o advento de uma lenda de dois reis e seus lendários Pokémon que empunhavam uma espada e um escudo, cabendo a nós descobrir qual a relação deles com o novo continente.
A exploração continua do jeito que tanto conhecemos. Você segue pelas rotas, explora algumas cavernas, enfrenta treinadores, encontra itens por aí e é claro, encontra muitos Pokémon selvagens pelo caminho. Semelhante ao Let’s Go, em Sword e Shield você também enxerga alguns dos monstrinhos da região zanzando através da grama, mas também é possível encontrar outras criaturas aleatoriamente. Cada região possui uma infinidade de Pokémon diferentes e nem sempre elas apresentam os mesmos a todo momento. É muito comum você voltar nos lugares que já explorou e encontrar monstros totalmente diferentes de antes.
A dificuldade segue o padrão de todos os jogos: é tão fácil quanto você se lembra. Nenhum dos nossos oponentes oferece grandes batalhas, incluindo o nosso rival, que fica te importunando o jogo inteiro. O desafio fica exclusivamente para aqueles que buscarem completar a pokédex, pois os Pokémon selvagens dão infinitas vezes mais trabalho que os treinadores.
O clima, o horário, tudo isso influencia nas criaturas que você encontra, o que é muito legal. Além dos padrões que possuem um habitat natural, você também esbarra com outros mais fortes e mais evoluídos que spawnam aleatoriamente em meio a áreas selvagens. Porém, em Sword e Shield você só pode capturar um Pokémon que tenham um level compatível com suas insígnias. Quanto mais insígnias você tiver, mais fortes serão as criaturas que você pode capturar, então não adianta ficar explorando demais nas horas iniciais do jogo.
Para quem estava reclamando da pokédex, saiba que você terá 400 Pokémon (incluindo todos os tipos, tanto novos como das gerações anteriores) para encontrar pelo jogo e, como de costume, não será uma tarefa fácil completá-la. Será necessário capturar muitos, evoluir tantos outros e ainda fazer trocas com os amigos que possuem a versão oposta da sua, pois a única coisa que difere do Sword para o Shield (além dos lendários) são alguns Pokémon e dois líderes de ginásio (no Sword temos líderes especialistas do tipo lutador e pedra e no Shield temos do tipo fantasma e gelo).
É hora de morfar!
A principal novidade de Sword e Shield são as formas Dynamax, que deixam nossos Pokémon com tamanhos colossais e infinitamente mais fortes. Já adianto que não é possível fazer isso a qualquer momento, apenas em momentos específicos. Geralmente, isso só acontece na batalha final de cada ginásio ou em outros confrontos importantes. Entretanto, em áreas selvagens podemos encontrar vários feixes de luz saindo do chão, representando Pokémon selvagens e “Dynamaxizados” que estão ali, esperando para lutar. Essas lutas são bem legais, pois alguns NPCs ou até outros jogadores se aliam a você para derrubarem o colosso juntos.
O jogo também recebeu uma atenção maior quanto aos recursos online. Caso você ative a rede no seu console, poderá dividir a área selvagem com outros jogadores, assim como desafiá-los para uma batalha, trocar monstrinhos etc. Os jogadores agora possuem cartas de treinadores que podem ser compartilhadas e adicionadas em uma espécie de “catálogo de contatos”, porém de uma forma que podemos colecionar, o que é inutilmente divertido.
Até nosso personagem é mais customizável. Você pode comprar roupas nas cidades em que passa e alterar várias peças, desde as calças até as meias ou a mochila. O corte de cabelo também é customizável, mas existem pouquíssimas opções nesse aspecto. Ainda assim, é muito legal termos a oportunidade de deixar nosso personagem com a “nossa cara”.
Do resto, tudo que faz um jogo de Pokémon ser tão bom está presente. Apesar de Sword e Shield apresentar sérios problemas de câmera em alguns momentos – a ponto do seu personagem sumir do seu campo de visão – e até alguns problemas de performance como quedas de fps e, em alguns casos, travamentos (não aconteceu comigo, mas muitas pessoas perderam até dados do Switch devido aos crashes do jogo), ele ainda é um jogo excelente que não fica atrás de nenhum outro da franquia.
Existem outros defeitos que também não passam despercebidos. A qualidade gráfica é bem inferior até para um jogo dos padrões do Switch, então, mesmo jogando no modo portátil, não dá para fugir de uma montanha de serrilhados. Na TV esses problemas ficam mais perceptíveis, mas não atrapalham em nada sua experiência. Além disso, os velhos defeitos continuam firmes e fortes aqui, como o fato de só podermos ter um único save e nem sequer haver a possibilidade de fazer um backup dele na nuvem (no caso de quem for assinante do Switch Online).
Espero que com todos esses argumentos você tenha se convencido a dar uma chance para este jogo. Nunca julgue nada antes de jogar, assistir, ler ou seja lá o que for, pois você pode acabar se privando de uma experiência bacana por pura bobagem. Se você é fã de Pokémon, provavelmente vai gostar bastante de Sword e Shield e investir dezenas de horas como fez com cada título anterior. Não é uma experiência perfeita, porém é satisfatória. Agora a pergunta que não quer calar: qual será seu inicial?