Dois anos se passaram desde que Pokémon Sword e Shield introduziram uma nova geração dos monstrinhos de bolso em nossas vidas, então já estava na hora de um novo remake dar as caras. Finalmente chegou o momento da quarta geração brilhar e, mesmo com muitas ressalvas, é hora de visitar Diamond e Pearl novamente de uma maneira totalmente nova… ou quase.
Jogar Brilliant Diamond e Shining Pearl foi um misto de muitas emoções, algumas boas e outras nem tanto. Definitivamente são jogos nostálgicos, afinal estamos falando de uma dupla lançada originalmente para Nintendo DS há 15 anos, mas ao mesmo tempo é um dos remakes menos ousados da franquia. Ainda que traga algumas novidades, o estúdio ILCA parece ter ficado com muito receio de mexer na fórmula infalível da GameFreak e trouxe um jogo que ainda é aceitável para qualquer fã de Pokémon, mas acaba por ser completamente esquecível.
De volta para Sinnoh
Acho que é até desnecessário explicar como este jogo funciona, não é mesmo? É a mesma coisa de sempre: você embarca em uma jornada para se tornar um Mestre Pokémon, com o único objetivo de vencer oito líderes de ginásio e, posteriormente, a liga da região, nos consagrando assim campeão. No meio do caminho também devemos capturar todo monstrinho que encontrarmos para completar a Pokédex, além de impedir os planos maléficos de algum grupo maluco que almeja dominação global, que aqui é o Team Galactic.
Essa mesmice toda não é o grande problema de Brilliant Diamond e Shining Pearl, afinal a série principal de Pokémon sempre foi e sempre será dessa forma. O primeiro grande erro deste remake foi o estilo de arte adotado, que ao invés de seguir o visual de Sword e Shield, recebeu um belo de um downgrade e utilizou personagens chibis, fofinhos e cabeçudinhos. Acho que a intenção foi tentar deixar o jogo mais parecido com o original, já que os títulos do DS ainda seguiam o estilo do GBA, porém com sprites bem mais detalhadas. O problema é que no DS era assim justamente por causa das limitações do portátil, então era sim um grande avanço e conseguia ser bonito. Infelizmente, não é o mesmo que ocorre aqui.
O visual chibi é totalmente sem graça e pouco cativante. Não é a mesma coisa que jogar o remake de Link’s Awakening e encher os olhos com toda aquela Hyrule chibi, pois são jogos completamente diferentes. Experienciar BDSP com gráficos do Sword e Shield seria algo muito mais coerente, o que fica ainda mais evidente nas batalhas, onde os personagens são apresentados no estilo mais moderno. Explorar Sinnoh com um visual realmente repaginado seria incrível e infelizmente isso foi tirado de nós.
Outro ponto decepcionante é como as melhorias da versão Platinum, que fechou com chave de ouro a quarta geração, foram mal aproveitadas e muitas completamente ignoradas. Não houve tanta atenção na hora de incorporar os três jogos e tornar essa a versão definitiva; apesar de termos sim alguns elementos do Platinum, muito foi deixado de lado. Tudo isso acabou deixando o conteúdo de BDSP um tanto pobre e apenas mais do mesmo, com poucas novidades relevantes.
O que tem de novo?
Para não dizer que não teve nada novo, algumas mudanças singelas foram adicionadas ao gameplay para facilitar um pouco nossa vida. A primeira delas é que não é mais necessário ter um Bidoof ou qualquer outro Pokémon que utilize técnicas secretas (como Cut, Smash, Fly, Surf etc.) na equipe o tempo todo, pois é possível utilizá-las a hora que quisermos com a ajuda de um Pokémon aleatório, que só aparece para cumprir esse papel e depois vai embora. O XP compartilhado de Sword e Shield também está presente aqui, então todos os Pokémon da sua party ganham experiência das batalhas e não só quem lutou, o que deixa tudo infinitas vezes mais fácil (o que é uma mão na roda para completar a Pokédex, mas muita gente não gosta por facilitar demais as coisas).
Algo que fez muita falta foi a presença de Pokémon fora da grama, nos dando a possibilidade de ver o que vamos enfrentar. Não que a mecânica de batalhas aleatórias precise ser erradicada da franquia, mas Sword e Shield soube explorar perfeitamente o equilíbrio entre Pokémon que estão visíveis no mapa e os que estão escondidos no matinho. Poxa vida, até mesmo o Let’s Go fez isso!
A maior novidade fica a cargo do chamado Grand Underground, um sistema de dungeons onde podemos encontrar diversos Pokémon raros e até mesmo farmar shinies. Ele já estava presente nos jogos originais, mas aqui foi bastante melhorado, com novos ambientes para serem explorados (resolvendo a grande escassez de monstrinhos do tipo fogo que víamos nos clássicos) e, veja só: a possibilidade de ver Pokémon fora da grama! Não faz sentido nenhum isso estar incluso só aqui e não no jogo inteiro. Nessas dungeons também é possível encontrar alguns dos monstrinhos exclusivos da versão Platinum, então essa acabou sendo a única integração realmente relevante com o jogo.
No geral, Brilliant Diamond e Shining Pearl não são jogos ruins, mas também não são nada demais. O sentimento de que são títulos que já nasceram ultrapassados é constante e, quando resolvemos comparar com outros remakes, como o próprio Let’s Go de apenas três anos atrás, ele perde feio. Se fosse para escolher algum, eu ficaria com as versões originais do DS sem pensar duas vezes.