Será possível simplesmente desistir da paternidade quando o bebê nasce? Este é um dos questionamentos de Tom, personagem de Lázaro Ramos no filme “Papai é Pop”. Baseado no livro homônimo de Marcos Piangers, o filme acompanha a trajetória do casal Tom e Elisa, vivida por Paolla Oliveira, ao se tornarem pais.
Logo a princípio, é nítido a diferença entre o casal: enquanto Elisa é uma advogada de sucesso, que não para de trabalhar durante a gravidez, Tom é um desenvolvedor de sistemas em uma pequena empresa que parece se divertir mais do que trabalhar. Antes da filha do casal nascer, as diferenças parecem tornar a relação mais divertida, entretanto, ao chegar no mundo, a pequena Laurinha mostra que nada será como antes – e isso vale para as noites de sono e para o relacionamento do casal.
Apesar do foco ser a paternidade, Papai é Pop acerta em mostrar o impacto de uma criança na vida da mãe. A exaustão, culpa, inseguranças com o corpo e até o desinteresse em sexo são mostrados, com Paolla fazendo um trabalho apaixonante. É impossível não querer abraçar Elisa em certos momentos.
E é assim, ao apresentar o misto de preocupação e amor que a maternidade traz, que vemos também a importância do protagonismo de Tom enfim tomar forma.
As noites de pelada e happy hour continuam para ele, que chega a acreditar que Elisa é exigente demais ao cobrar que ele esteja em casa, afinal, a ideia que permanece é a de que a responsabilidade total é da mãe.
Abandonado pelo pai ainda bebê, Tom não percebe que está fazendo o mesmo com sua filha. Em determinado momento , o personagem, ao falar de seu abandono, aparece enquadrado por um berço que está montando, quase como uma criança com medo da nova vida.
Mas, é com esse medo que Tom percebe que não há como fugir, ou melhor, que ele não deseja fugir de sua filha. Pouco a pouco, vemos nascer um pai que erra e acerta, mas que encara os desafios e não se enxerga mais como ajudante, e sim como aquele que também tem o dever de cuidar.
Sempre com bom humor, Tom tem o seu jeito especial de cuidar da filha. Lázaro Ramos tem o dom para a comédia, que não é excessiva aqui, mas certeira, deixando cada cena mais leve.
Os primeiros dois atos do filme retratam com maestria os prazeres e dificuldades da parentalidade. Lázaro e Paolla esbanjam química, e personagens como a mãe de Tom, interpretada por Elisa Lucinda, e a pequena Laurinha, vivida pela fofíssima Malu Aloise, roubam a cena.
Porém, conflitos pesados que ocorrem no terceiro ato são resolvidos quase como um passe de mágica e atrapalham a narrativa. De repente, as situações que, até então, eram apresentadas de forma coerente, são mostradas ao espectador sem tempo para que o mesmo possa digeri-las. A própria personagem de Paolla parece estar ali apenas por estar.
Embora os minutos que antecedem o final sejam bem inferiores quando comparado ao filme apresentado até ali, Papai é Pop permanece sendo uma ótima escolha para quem deseja assistir algo divertido e, em muitos momentos, emocionante.
Papai é Pop é um filme que nos faz dar boas risadas, mas também refletir. Ao sair da sala de cinema, você certamente terá vontade de abraçar seu filho ou agradecer a pessoa que é sua principal figura paterna na vida.