Coloquem todas as expectativas possíveis em Oppenheimer porque estamos diante da maior obra-prima cinematográfica do século. A última vez que sai de uma sala de cinema atordoado foi com o filme Mãe! (2017) de Darren Aronofsky, antes disso foi com o lindíssimo Interestelar (2015), também do diretor Christopher Nolan. Insano e inquietante, talvez sejam as palavras que melhor descrevem a experiência de ver esse filme.
Diferente de tudo que se pode esperar, Oppenheimer é de longe o melhor trabalho do diretor, que também co-escreveu, produziu e colocou sua alma e coração nesse grande espetáculo audiovisual. Apesar desse acerto memorável, o filme é longo e complexo, no estilo Christopher Nolan de ser. Um prato cheio para os entusiastas da física quântica.
Contudo, o que poderia ser fatídico, se torna, na verdade uma magnífica orquestra sinfônica e o maestro sabe o que está fazendo. Com um enredo equilibrado e inteligente, Oppenheimer é minuciosamente detalhado, na verdade, é assustador como a história segue um ritmo implacável do início ao fim. É perceptível ver os traços marcantes de Nolan desde os primeiros minutos de filme.
O longa conta a história de Julius Robert Oppenheimer, interpretado impecavelmente por Cillian Murphy, no Projeto Manhattan, que criou e detonou a primeira bomba atômica do mundo no Novo México, em 1945, e que foram posteriormente usadas contra o Japão no final da Segunda Guerra Mundial.
Em parte, o filme é sobre a criação da bomba atômica através de um olhar denso e trágico sobre o assunto, mas também é um olhar humanizado e intenso sobre os envolvidos e a trama que os cercam. Diante desse contexto e do excelente roteiro assinado por Nolan, o espectador é facilmente teletransportado para um drama histórico épico de tirar o fôlego.
Porém – arrisco dizer – que nada disso seria tão significante se não fosse pelo poderoso elenco de Oppenheimer que entrega performances realmente grandiosas. A começar pela brilhante atuação de Cillian Murphy, que com certeza terá uma digna vaga no Oscar do próximo ano. O ator mereceu esse papel que vai mudar sua carreira para sempre.
Emily Blunt que atua como Kitty Oppenheimer, esposa do físico, é uma grande surpresa. Sua atuação é muito comovente e ela encarna uma personalidade profunda e intrigante. O arco final de sua personagem é claramente um show a parte.
É difícil falar desse elenco já que é inteiramente composto por grandes astros de Hollywood. Mas vale destacar alguns que estão divinos em tela, como Robert Downey Jr., que entrega um personagem odioso, mas necessário. Florence Pugh também brilha em tela. Matt Damon não está nada mal e faz um desempenho crível. Por hora, acho importante não revelar mais que isso e deixar a surpresa por conta do próprio filme.
Outro ponto forte de Oppenheimer são os trabalhos técnicos da melhor qualidade. A produção optou por não utilizar recursos de CGI, resultando em um filme visual esplêndido e satisfatório para os olhos de quem o assiste; o design de som também faz toda a diferença juntamente com os efeitos de iluminação que dão um toque especial em determinadas cenas de impacto.
Em sumo, Oppenheimer é o melhor que há do cinema atualmente, um trabalho primoroso com um estudo de personagem em grande escala. É um nocaute audiovisual. A princípio, pode ser confuso por trazer fios narrativos em tempos diferentes, mas os diálogos são convidativos. Logo, o espectador é transportado para um desenvolvimento poderoso e imersivo com um desfecho devastador e delirante. Simplesmente….. Incrível.
Oppenheimer estreia nesta quinta-feira, 20 de julho nos principais cinemas brasileiros. Vale lembrar que o filme foi classificado para maiores de 18 anos no Brasil.