Lilo Viana, ilustrador e quadrinista brasileiro, conversou com o Portal do Nerd sobre “O Guerreiro, o Baú e o Caminho“, seu trabalho mais recente e que chega pela Editora Thomas Nelson Brasil (Grupo HarperCollins) neste mês de setembro.
Com uma narrativa envolvente ao retratar batalhas que todos os seres humanos precisam enfrentar, apontando para o único caminho possível para vencê-las, Lilo consegue surpreender pela excelente qualidade em sua HQ. A construção narrativa é muito bem feita e o traço é impressionante, resultados de um estilo artístico dinâmico que explora muito bem as cores para transmitir seus sentimentos e complementar as mensagens por trás da história. Confira a entrevista que fizemos com Lilo Viana e um pouco mais sobre seu trabalho:
Para começarmos e como primeira pergunta, gostaria de saber como foi trabalhar a questão de crença e fé como temas no desenvolvimento da história?
Como nasci num lar cristão, considero que essas questões estão entranhadas em mim de uma forma quase impossível de separar, então essa foi a parte mais natural de todo o processo; como se eu tivesse sido escolhido para fazer isso e não o contrário.
Também gostaria de saber quais foram as referências religiosas ou teológicas que você buscou para construir a dicotomia que vemos durante a leitura.
Na verdade, a dicotomia foi mais uma questão pessoal, porém a Bíblia nos dá vários relatos e passagens sobre o que chamamos de luta entre carne e espírito. Essa é uma luta interior, do cristão se desfazendo de sua natureza má para tentar ser uma pessoa melhor.
Você acredita que os leitores de HQ precisam ter uma crença ou religião para que “O Guerreiro, o Baú e o Caminho” seja melhor aproveitado? Ou a reflexão que você propõe e a adaptação do mundano e divindades em “super-herói” sejam caminhos acessíveis ao seu trabalho e mensagem?
Acredito que “O Guerreiro, o Baú e o Caminho” é uma leitura para todos. Durante a produção, essa era uma das minhas preocupações. Se apenas cristãos se interessassem por esta HQ, consideraria ter fracassado em parte da missão. Fiquei muito feliz em descobrir durante a entrevista, com o seu relato sobre não ser uma pessoa religiosa, e agora sei que alcancei um de meus objetivos com sucesso.
Essa construção metafórica em torno do nome da sua obra é brilhante ao mesmo tempo em que desperta certa curiosidade. Você, como autor, conseguiria identificar e nomear o que seria o caminho, o baú e o guerreiro para os leitores?
Claro! O Guerreiro é cada leitor, protagonizando sua própria história. Por isso não dei nome a ele e o chamo apenas de guerreiro; somos todos nós. O Baú, usando um termo muito bem colocado pelo Phellip no prefácio da HQ, fala de uma grande fragilidade; a minha pode ser diferente da sua, mas todos nós temos ou já tivemos uma. Quanto ao Caminho, esse, com certeza, é o personagem mais complexo da história, no entanto, por enquanto, quero que os leitores tirem suas próprias conclusões sem se importar muito com o autor.
Para finalizar, o que ainda carregamos, buscamos e escondemos pode gerar uma continuação dessa obra? Você pretende expandir essa jornada? Ou podemos esperar trabalhos diferentes para o futuro?
Não fiz essa HQ para que tivesse continuação, mas não direi que isso não pode acontecer. Com certeza o que ainda carregamos, buscamos e escondemos gera conteúdo de sobra para isso. Por enquanto posso dizer que minha próxima HQ será a primeira parte de uma trilogia, na qual já estou trabalhando desde antes de “O Guerreiro, o Baú e o Caminho” e que vai ser algo mais mundano, com muitos personagens e relacionamentos, e com um foco no sentimento de empatia.
“O Guerreiro, o Baú e o Caminho“ foi lançado em setembro pela Editora Thomas Nelson Brasil, com uma prosa reflexiva e ilustrações que se conectam com a história, explorando o passado misterioso do guerreiro, que revela gradualmente os segredos que se escondem no baú. O objeto não carrega apenas itens de valor inestimável, mas também memórias e lembranças de um reino perdido, funcionando como o último elo do guerreiro com o seu passado e sua motivação para enfrentar os perigos que encontra pelo caminho.