Nosferatu (2024) é certamente um filme excêntrico, belo, sombrio e decadente em cada medida, é uma obra que será eternizada em toda a sua glória, seja por sua adaptação assombrosamente sedutora e autêntica, assim como por seus exageros. Porém, uma coisa é certa, Robert Eggers mais uma vez conseguiu criar algo excepcionalmente hipnótico e incrível, com requintes de selvageria implacável ambiciosos.
Pode se dizer que o diretor confirma sua posição, e se consagra como um mestre do terror gótico ao mesmo tempo em que divide opiniões de quem o prestigia. É um filme que funciona para ressuscitar um nicho, que por muitos anos, não é explorado de forma justa e correta. O diretor Robert Eggers consegue, não somente, nos trazer os vampiros de volta a vida, como também faz isso através de um trabalho exuberante e meticuloso.
Com muita cautela e maestria, Robert Eggers conseguiu incutir a sua própria marca e, simultaneamente, prestigiar o clássico homônimo de 1922, do cineasta alemão F.W Murnau. Nosferatu também pode ser visto como uma reinterpretação do filme Drácula (1992) do diretor, Francis Ford Coppola. Ambas interpretações trazem o que há de melhor em produções de contos de vampiros, como foram feitos para ser.
É inegável que Nosferatu é genuinamente aterrorizante e faz jus ao que se propõe com esplendor, contudo, pode facilmente ser um filme difícil de digerir para aqueles que não se sentem familiarizados com o gênero. Muitos espectadores podem ter problemas de conexão com o remake de Eggers, mas isso não é necessariamente um problema do filme em si – que particularmente é satisfatório.
Sendo assim, o filme é um retorno efetivamente sólido ao mundo vampiresco, mais raiz e macabro, com toques de personalidade do próprio Eggers que faz de sua própria versão uma celebração do clássico, porém, tornando-o melhor, mais moderno e requintado.
Visualmente, Nosferatu conta com uma fotografia belíssima e arrepiante, com toques excessivamente góticos em contrastes gritantes, uma atmosfera sombria, muito escura, onde a existência de Deus é questionada mesmo sabendo que é real. Um verdadeiro filme de terror com efeitos especiais fascinantes.
Contudo, Nosferatu de Eggers tem falhas consideráveis em seu ritmo, se tornando um filme mais longo que o necessário, mesmo que compensado através de atuações soberbas no geral. Destaque para Nicholas Hoult e Willem Dafoe que entregam força total em seus personagens e carregam boa parte do roteiro inerte em suas interpretações incríveis.
Bill Skarsgard encarna o conde Orlok/Nosferatu e faz um trabalho de atuação convincente, mas nada tão brilhante. Não foi um ano muito fácil para Skarsgard que já veio de um desempenho morno de outro grande clássico que ganhou as telonas, em O Corvo, de Rupert Sanders. Junto com sua co-protagonista, Lily Rose-Depp, eles entregam um romance trágico e perturbador, carregado de erotismo e horror vampiresco, que ás vezes beira o ridículo.
Nosferatu é um retorno triunfante para os vampiros, é uma obra cinematograficamente impressionante, contém uma narrativa atmosférica orquestrada de forma magistral que exala um universo nefasto e grotesco em sua fórmula mais sombria. O filme cresce gradativamente e utiliza de seus artifícios para criar um enredo assustador e honesto. Nosferatu é um filme que absolutamente redefine as expectativas dos contos de vampiros sanguinários nos cinemas; Robert Eggers sabiamente não escolhe caminhos fáceis para construir o seu próprio mundo de terror gótico, e apesar de ser um filme obscuro, é magicamente iluminado, e também pode arrancar boas risadas uma vez e outras.
O filme já está disponível nos principais cinemas do Brasil.
Atualmente, Nosferatu está com 85% de aprovação dos críticos especializados no Rotten Tomatoes, já o público em geral considera que o filme com uma nota 7,8 no IMDb. Acompanhe as principais notícias aqui no Portal do Nerd.