Relacionamentos polêmicos, público atraído por cenas de sexo, Florence Pugh cortando relações e faltando à coletivas de imprensa, Harry Styles “cuspindo” no Chris Pine em Veneza, Olivia Wilde se contradizendo e até Shia LaBeouf sendo “demitido” por não ser profissional: Isso é apenas uma amostra do drama em torno de Não se Preocupe, Querida. Infelizmente a fofoca vai atrair ou afastar completamente o público, e isso só a bilheteria dirá. Digo infelizmente porque é realmente um filme muito bom e não precisava estar sendo falado assim, mas já dizia a grande poeta brasileira, Mc Melody, “fale bem, fale mal, mas fale de mim” e toda conversa é publicidade.
Don’t Worry Darling é um mistério passado em uma cidade isolada, um oásis, nos anos 50 que narra a história de Alice (Florence Pugh) e seu marido, Jack (Harry Styles), um casal perfeito e apaixonado. Tudo é lindo, bem decorado e todos são felizes, tal qual o sonho americano, até que Alice começa a notar algumas coisas estranhas na vila.
Esteticamente, o filme é lindo, creio que ele foi, primeiramente, muito bem idealizado. Existe uma identidade visual bem definida, os cenários são muito detalhados, coloridos, aesthetically pleasing, parecendo que foram tirados do Pinterest. Em um casamento muito feliz, o filme foi bem gravado, com enquadramentos amplos, aéreos, detalhados, poéticos, sensíveis e até sufocantes, às vezes. Existem sequências coreografadas com movimentos quase robóticos de tão sincronizados e esse crédito vai para a diretora, Olivia Wilde que também atua no filme.
Florence Pugh faz sua segunda melhor performance (depois de Midsommar), Harry Styles é muito bom até precisar mostrar raiva, nessas cenas parece que faltou experiência ou direção… Olivia Wilde é hipnotizante, Nick Kroll é uma surpresa muito agradável, Chris Pine é bom, mas acho que seu personagem poderia ter mais impacto se alterassem os enquadramentos, por exemplo. Gemma Chan, é para mim, a surpresa desse filme pois ela tem falas muito curtinhas, mas em sua única cena de destaque é aterrorizante, sério, me arrepiei.
É muito difícil falar sem dar spoilers, mas digo que mesmo já sabendo mais ou menos do que o filme se trataria, eu fiquei muito surpresa positivamente. É uma mistura de O Show de Truman com Black Mirror, The Handmaid’s Tale e WandaVision e até o livro Fahrenheit 451.
Conversando com pessoas que já assistiram ao filme, eu poderia falar sobre ele por horas. Existem inúmeras análises que podem ser feitas a partir de cenas explícitas e até de coisas não ditas. Para não dizer que é perfeito, porque não é, ficam de críticas a rapidez a entrar no clímax, poderíamos ter mais uns minutos de “perfeição” para o impacto, outros momentos poderiam ter sido levados com mais calma para não deixar pontas soltas, sem falar dos poucos furos de roteiro, assuntos esquecidos, mas que se tivessem tido atenção, poderiam, talvez, constituir o filme perfeito.
Se você não ficou sabendo da fofoca até agora e não foi pro Google imediatamente após ler as primeiras linhas, NÃO PESQUISE e não queira saber antes de ver o filme. Aproveite sua experiência e contenha a curiosidade. Se você já tinha ouvido falar e ficou com preguiça de ver o filme, recomendo que dê uma chance e tente esquecer das polêmicas por algumas horas, vale a pena.