Junto do remaster de Monster Hunter Stories, a Capcom está trazendo um port da sequência Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin para o PS4, agora permitindo que os donos de um PlayStation possam usufruir da aventura completa. O jogo foi originalmente lançado em 2021 para Switch e PC e, apesar de ser uma sequência direta do primeiro, ainda funciona perfeitamente como um título stand alone.
Monster Hunter Stories 2 expande o universo explorado pelo primeiro de uma maneira eficiente, ainda que continue pecando em aspectos simples. Por ser uma sequência, é notável que os desenvolvedores optaram por apostar na qualidade ao invés de quantidade, trazendo uma campanha mais curta e proveitosa, no geral. Contudo, ainda existem alguns probleminhas que não podem passar batido.
Um mundo dividido
A história de Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin se passa algum tempo após a conclusão do primeiro, mas com personagens e contextos diferentes. O mundo agora se encontra dividido em duas facções: os Caçadores, que consideram os monstros uma ameaça, e os Montadores, que acreditam que os humanos podem viver em harmonia com essas criaturas. Mais uma vez, assumiremos o papel de um montador.
Desta vez, nossa missão será encontrar um lendário Rathalos conhecido como Wings of Ruin. De acordo com a crença dos Caçadores, essa criatura fará uma lavagem cerebral em todos os monstros e voltará as criaturas contra os humanos, criando uma era de terror. Nosso protagonista e seus aliados deverão encontrá-lo para provar o contrário, mostrando ao mundo que os monstros não são tão perigosos quanto se imagina.
No geral, achei a história mais interessante que a do primeiro jogo – especialmente devido a essa divisão de lados. Quem joga a série principal de Monster Hunter já esteve do outro lado da moeda incontáveis vezes, então é interessante poder experienciar uma aventura que nos coloca na pele de personagens que não são caçadores, para variar.
Devido ao tom mais infantilizado do jogo, na prática o grupo de heróis seriam uma espécie de “treinadores Pokémon”. É possível encontrar diversas espécies de monstros no jogo e todas elas podem ser domadas para lutar ao nosso lado. É um recurso interessante que dá mais variedade ao combate, além de impedir que fique repetitivo muito rápido.
Menor e melhor
Seguindo o padrão do gênero, a campanha de Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin ainda é longa, mas consideravelmente menor que a do primeiro jogo. Jogando tranquilamente, é possível concluí-la em cerca de 40 horas, o que considero um ponto positivo. Seu antecessor era mais extenso e, por vezes, se tornava maçante devido à repetitividade do jogo.
Contudo, a sequência ainda sofre de alguns problemas que já estavam presentes no primeiro. A exploração ainda é um fator negativo, já que em sua maior parte é pouco instigante; os mapas são grandes e nem sempre recompensadores o suficiente para serem vasculhados. Por outro lado, escapar de batalhas ficou bem mais fácil – ainda que não seja uma atitude muito recomendada. Na segunda metade do jogo, o salto de dificuldade é alto, então quem não tiver grindado vai acabar pagando o preço.
O combate se mantém com a mesma mecânica do primeiro, baseado em um sistema triangular de pedra, papel e tesoura. Nesse quesito, o jogo está bem mais fácil que seu antecessor, pois dessa vez os inimigos seguem padrões completamente previsíveis. Em Monster Hunter Stories, não era possível prever com exatidão os movimentos dos oponentes, mas aqui você consegue criar estratégias específicas para cada confronto. Imprevisibilidade nunca é bom negócio em RPGs, então esse foi um acerto e tanto.
No demais, Monster Hunter Stories 2 não se distancia tanto do primeiro jogo. Com exceção do que já foi citado, seu maior destaque fica no upgrade gráfico, cujo salto foi grande. Saindo dos bonequinhos cabeçudos do 3DS, temos modelos de personagens mais detalhados, além de cenários de encher os olhos. O estilo gráfico aposta no cel shading, trazendo um ar bem semelhante ao de The Legend of Zelda: Breath of the Wild/Tears of the Kingdom.
Quem jogar no PS4 ainda terá a vantagem de usufruir de um desempenho mais consistente, já que a versão de Switch apresentava quedas de framerate com frequência. Aqui a experiência está mais próxima da versão de PC, com texturas em 1080p e quadros travados nos 30 fps. Quem jogar no PS5 ainda terá a oportunidade de usar 60 fps, que sempre deixa tudo melhor.
Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin é um ótimo jogo e mais uma entrada de respeito para esta série spin-off que ainda é pequena, mas tem tudo para entregar muito mais no futuro. Ainda que o salto tenha sido mínimo, ele melhora diversos elementos do seu antecessor e é bem mais proveitoso de jogar, no geral. Vale a pena dar uma chance, até mesmo no caso daqueles que pularam a primeira aventura!