O GameCube não teve a sorte de ter o reconhecimento que merecia em sua época, mas felizmente está recebendo o devido respeito agora – mais de 20 anos depois! Somente hoje que as pessoas estão percebendo como o cubo roxo da Nintendo era incrível e, ao falar do console, é impossível não colocar na mesa um dos seus principais títulos, um jogo que não só definiu todo o poder da plataforma, mas também revolucionou o gênero dos FPS ao seu próprio modo: Metroid Prime.
O trabalho brilhante do Retro Studios foi a primeira aventura de Samus Aran totalmente desenvolvida em 3D, algo que até então parecia inimaginável. Metroid sempre foi sinônimo de exploração em 2D, com mapas fragmentados repletos de segredos e aquela clássica sensação de estar perdido o tempo inteiro. Os devs conseguiram a proeza de transformar tudo isso em um jogo de tiro em primeira pessoa, com uma excelência que impressiona até hoje! Isso é tão verdade que Metroid Prime Remastered conseguiu reviver uma obra-prima que já tem 21 anos de idade como se fosse um título inteiramente novo.
De volta à Tallon IV
Metroid Prime se passa no planeta Tallon IV, um lugar desolado e com biomas variados onde Samus se vê presa ao atender um chamado de socorro. Após se deparar com uma grande nave em ruínas e seu arqui-inimigo Ridley (agora chamado de Meta Ridley), a caçadora de recompensas perde todo o seu equipamento e acaba caindo na órbita do planeta, sendo obrigada a desbravar aquele misterioso mundo para sobreviver.
A primeira coisa que deve ser exaltada aqui é a renovação dos visuais do jogo, que vão muito além de um mero remaster. Essa é uma daquelas remasterizações que mais parecem um remake, semelhante ao excelente trabalho que vimos em Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, Spyro Reignited Trilogy e outras coletâneas do gênero. Se colocado lado a lado com a versão do Wii (que seria a mais bonita até então), temos uma diferença tão absurda que chega a ser inacreditável.
São muitos detalhes para embelezar sua jornada e quem jogou o clássico certamente vai ficar de queixo caído. Isso vai além dos cenários refeitos do zero, mas também se deve à adição de diversos fatores que podem parecer pequenos, mas que deram uma nova cara para Metroid Prime. Logo quando você chega na superfície, por exemplo, já é possível notar como a chuva cai no visor e na arma de Samus – e se você mirar para cima, as gotas se adaptam à inclinação! Quando você for surpreendido por um clarão, poderá ver o rosto da caçadora refletindo no visor do capacete, entre tantos outros detalhes. É desse nível de cuidado que estou falando!
Se os gráficos novos já não fossem surpreendentes o bastante, o jogo ainda está rodando perfeitamente em 1080p e 60fps constantes, independente de ser no modo portátil ou no dock, quando jogado pela televisão. O desempenho de Metroid Prime Remastered está tão crocante quanto o visual, tornando essa experiência ainda mais marcante.
Um jogo atemporal
Quanto ao conteúdo do jogo, ainda segue sendo a mesma coisa que temos na versão clássica do GameCube, mas é claro que era extremamente necessário adaptar aqueles controles. Metroid Prime já era incrível desde sua primeira versão, mas hoje em dia é muito difícil se acostumar com seu modo raiz, que não permite mover a câmera livremente pelo segundo analógico e obriga o jogador a segurar um dos gatilhos para conseguir mirar. Até para a época isso era bizarro, mas felizmente foi resolvido.
Agora os controles padrão seguem a linha dos FPS modernos, onde podemos mover a câmera livremente com o analógico da direita e atirar com o gatilho do mesmo Joy-Con. Devo dizer que essa simplificação dos controles deu uma nova cara ao jogo e, de repente, jogá-lo se tornou ainda mais prazeroso! Para mim, só faltava isso para que o primeiro Metroid Prime fosse perfeito e agora ele finalmente alcançou a perfeição.
Quem estiver se sentindo nostálgico ainda pode mudar os controles para o padrão antigo, o que acho loucura, mas existe a possibilidade. Também é possível jogar com controles de movimentos, semelhante aos ports do Wii, mas infelizmente esse método não funciona com a mesma precisão vista em Metroid Prime Trilogy. Já disse isso em tantos outros reviews e repito: os Joy-Cons nunca vão conseguir simular movimentos com a mesma eficácia que o Wii Mote. Nesse remaster, é muito fácil perder a mira de vista, então você vai passar um bom tempo tentando se orientar novamente. Não vale a pena, por isso recomendo ficar nos controles modernos.
Por fim, a última novidade fica a cargo da adição de conteúdo totalmente novo na galeria de extras, que vai sendo desbloqueada conforme você escaneia itens, inimigos e outras coisas com o visor da Samus (um dos diferenciais do jogo, diga-se de passagem). Agora temos uma sessão para a trilha musical e outra para conferir modelos 3D em altíssima qualidade, podendo conferir o trabalho primoroso da Retro Studios e de todos os estúdios envolvidos nesse remaster. Apenas não se esqueça de sair escaneando tudo que encontrar para liberar mais coisas na sua galeria!
Sem mais, Metroid Prime Remastered não é apenas uma bela remasterização de um jogo antigo, mas sim uma versão totalmente nova, que funciona perfeitamente como um título inédito de Switch. O que já era bom ficou ainda melhor e, arrisco até a dizer: impecável! É a preparação perfeita para o aguardado Metroid Prime 4, que por enquanto segue sendo uma lenda urbana. Só espero que a Nintendo se certifique de lançar remasterizações para os outros dois, afinal precisamos estar com tudo fresquinho na memória antes de encarar o que está por vir.