*Este review foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela Nintendo
Quem diria que em pleno 2021 estaríamos recebendo um novo Metroid em 2D? Foram quase 20 anos de espera para receber uma sequência cronológica de Metroid Fusion que seguisse o mesmo estilo de jogo, e devo dizer: valeu MUITO a pena! Com tanta gente pensando no desaparecido Metroid Prime 4, o anúncio de Dread pegou todos de surpresa e deixou muitos com um pé atrás, afinal é difícil imaginar como a Nintendo conseguiria modernizar uma fórmula tão antiga.
Metroid Dread não só é um excelente jogo como também pode ser facilmente o melhor título da série em 2D. O estúdio responsável, MercurySteam, já tinha se encarregado do remake de Samus Returns para o 3DS e quem jogou sabe que ficou ótimo, então não tinha como dar errado. Mesmo com uma fórmula batida, Dread nos coloca em uma aventura de ação frenética repleta de tensão e uma dificuldade digna de qualquer jogo old school.
Metroid Gear Solid
A história do jogo é brevemente contada através de slides e textos que explicam o que é X, Metroid e as principais criaturas que conhecemos ao longo dos jogos anteriores. Todas elas são relevantes para o plot atual, que se passa no planeta ZDR. Sete robôs conhecidos sob a sigla EMMI foram enviados ao planeta para investigar a possível aparição de novos X na galáxia, mas todos desaparecerem algum tempo depois. Como Samus é o único ser vivo do universo com imunidade aos X, ela é enviada ao ZDR para descobrir o que aconteceu.
Após levar uma bela surra de um Chozo, Samus acorda nas camadas mais profundas do planeta, de armadura nova e pronta para iniciar mais uma jornada de tirar o fôlego. O objetivo é simples: chegar até a superfície do planeta e recuperar sua nave para poder escapar daquele inferno, mas é claro que não será tão fácil assim. Todos os sete EMMI ainda estão lá e, misteriosamente, mais agressivos do que nunca.
Esses robôs protagonizam o maior diferencial de Metroid Dread, pois eles introduzem um elemento que até então era inimaginável na franquia: o stealth. Cada encontro com um EMMI é de um desespero sem fim, pois eles são os únicos inimigos “indestrutíveis” do jogo e o pior: eles te matam com um único golpe! Apesar de Samus contar com diversos recursos para se esconder dos robôs, eles conseguem detectá-la através do menor dos barulhos, então sempre que você entrar em uma área com um EMMI, é tensão do início ao fim.
Você pode tanto se esconder até chegar em uma nova área acessível quanto sair correndo e rezar pra tomar o caminho certo. Assumo que escolhi correr em todos os encontros e a sensação desesperadora de entrar em qualquer lugar sem saber onde vai parar é realmente muito empolgante. Um dos objetivos principais do jogo é derrotar os sete EMMI, que só podem ser destruídos com uma energia especial que é utilizável uma única vez. No melhor estilo Mega Man, cada robô destruído nos garante uma habilidade única, então é sempre recompensador assumir esse risco.
Não me segue que estou perdido
Quem já jogou qualquer outro Metroid 2D sabe muito bem como esse funciona. Temos um vasto mapa dividido em territórios e diversas salas, algumas acessíveis desde o princípio e outras disponíveis somente após obter certas habilidades. Nunca é necessário explorar tudo para chegar no fim da história, mas é sempre recompensador, pois muitas delas escondem upgrades exclusivos para Samus.
Uma das maiores sensações que Metroid nos proporciona é aquele sentimento constante de estar perdido e Dread faz isso com perfeição. Cada sala que você entra libera mais umas cinco novas, sendo que de início só uma é acessível. Quando você finalmente consegue a habilidade necessária para abrir aquelas portas, já nem lembra mais onde elas estão! Metroid é um ciclo eterno de vai e volta, sempre procurando algum caminho em que ainda não entramos.
Quanto ao combate, Samus está ainda mais apelona! A diversidade de movimentos e habilidades da personagem é impressionante e cada uma é eficaz ao seu próprio modo no combate. Você pode muito bem usar só a arma principal do início ao fim ou tentar explorar diferentes combinações de skills para se tornar ainda mais letal. Tudo funciona, mas quanto melhor você explorar as habilidades de Samus, mais “tranquilo” será sua jornada – e pode acreditar: Metroid Dread não perdoa ninguém!
O jogo é difícil, mas não é nada que qualquer veterano de Metroid já não tenha passado antes. Os chefes são osso duro de roer (especialmente na reta final) e até mesmo um grupo de inimigos comuns são capazes de te destruir em instantes. Samus é completamente capaz de enfrentar e se esquivar de todos, mas tudo vai da nossa habilidade no controle. A boa notícia é que nem sempre retornamos do último ponto de salvamento manual quando morremos, pois o jogo tem alguns checkpoints, o que vai salvar sua vida muitas vezes.
Já os gráficos estão perfeitamente dentro das limitações do Switch, então mesmo sendo ultrapassados, ainda estão incríveis! A riqueza de detalhes é muito grande e até nas batalhas mais intensas não presenciei nenhuma queda de fps, então o desempenho também é impecável. A trilha musical é digna de qualquer Metroid, misturando synth pop com aquele tom futurista e misterioso dos filmes da série Alien.
Resumindo, Metroid Dread é mais um exclusivo de peso do Switch e um título obrigatório para todos que têm o console. Ele traz tudo que a franquia tem de melhor em um jogo totalmente modernizado, mas sem abrir mão de sua essência que fez história.