*Este review foi realizado com uma cópia do jogo, disponibilizada pela PlayStation
O primeiro Marvel’s Spider-Man foi um marco no gênero “jogos de heróis”. A Insomniac conseguiu criar com maestria sua própria versão do aracnídeo e iniciar com o pé direito um possível universo Marvel dos games. Cinco anos depois, após um pacote de DLCs e um stand-alone, cá estamos com sua aguardada sequência, sendo um dos exclusivos mais poderosos do PS5 e um dos jogos mais marcantes desta geração até o momento.
Marvel’s Spider-Man 2 é o tipo de sequência que todo mundo deseja para seus jogos preferidos. Ela é segura o bastante para trazer de volta tudo que deu mais certo no primeiro, mas ainda traz uma pitadinha de criatividade para expandir ainda mais a experiência. Agora com dois protagonistas e um dos vilões mais marcantes do Aranha, temos um título para nenhum “aracnofã” botar defeito!
Nós somos Venom
Marvel’s Spider-Man 2 é uma sequência direta de todos os outros títulos que foram lançados anteriormente, então além do jogo principal, também temos várias referências aos acontecimentos do DLC e principalmente ao stand-alone do Miles Morales. Ainda é possível pular direto para este e aproveitar cada segundo ao máximo, mas quem jogou os anteriores, provavelmente vai curtir bastante essa continuidade.
Uma das principais novidades aqui é o protagonismo da dupla Peter e Miles. Agora nós jogamos com ambos e cada um deles possui sua parcela de importância na história, com trajes únicos, missões secundárias exclusivas e, não menos importante, seus próprios poderes. Já o enredo gira em torno de um personagem novo que já é bastante conhecido entre os fãs de longa data: Harry Osborn, que aqui retorna após passar por um longo e bizarro tratamento médico.
A história dura em média 20 horas e temos arcos bem definidos ao longo desse tempo. Não é novidade para ninguém que a atração principal da vez é o simbionte Venom, que sempre traz consigo o icônico traje preto do Homem-Aranha. Contudo, as coisas são construídas de forma gradual e sem desespero, então a princípio temos uma grande participação de Kraven, O Caçador. A forma como organizaram o enredo deu bastante espaço para todos os vilões brilharem, sem precisar ofuscar um em detrimento de outro.
A curiosidade para ver Venom em ação é alta, mas devo dizer que o papel de Kraven aqui é tão ameaçador quanto. Nos quadrinhos, ele sempre pertenceu a um grupo de vilões bem coadjuvante, então é interessante ver essa releitura em que o personagem assume um papel realmente ameaçador. Tudo é muito bem construído e encaixado, então nada aqui é avulso ou sem sentido. Cada detalhezinho conta para a progressão da narrativa e sua conclusão.
É claro que a trama não deixa de ter a superficialidade de uma história em quadrinhos, mas ainda é uma expansão muito digna de tudo que já vimos deste Homem-Aranha da Terra-1048.
Amigões de Big Apple
Se tratando do jogo em si, você provavelmente terá uma forte sensação de dejá vù, caso tenha jogado os anteriores. De início, tudo é muito parecido, mas aos poucos Marvel’s Spider-Man 2 consegue mostrar que é mais sequência do que parece. Aquele sentimento de “eu já joguei isso antes” permanece, mas de uma forma bem mais tolerável e satisfatória.
A cidade de Nova York agora tem quase o dobro do seu tamanho original. O mapa inicial dos anteriores retorna com a adição de Coney Island, um compilado de distritos que fica ao lado do centrão. Sendo assim, além do território mais extenso, também poderemos cruzar um pedaço do mar – ou seja, os Homem-Aranhas agora sabem nadar! Além desse detalhezinho, também foram adicionadas várias habilidades que melhoram a locomoção dos Aranhas e facilita a exploração, como a asa-delta de teias acoplada nos uniformes, por exemplo.
Se antes já era legal explorar a cidade se balançando por aí, agora você pode fazer muito mais. Quanto mais eu planava com as teias, mais gostava de misturar diferentes movimentos enquanto vagava por Big Apple. O número de missões secundárias também aumentou, então motivos não faltam para sair pela cidade fazendo aquilo que os Aranhas fazem de melhor: se balançando com muito estilo.
Ainda é possível encontrar diversos crimes ocorrendo em tempo real (missões terciárias e infinitas), além de sidequests com arcos próprios. A maioria dessas missões complementa o enredo do jogo ou dão dicas do que teremos nas vindouras sequências, então vale muito a pena fazer todas elas. O destaque aqui vai para os colecionáveis: enquanto explora, você vai se deparar com diversos Spider-Bots espalhados por Nova York. Não deixe de encontrar todos, pois a recompensa é muito boa!
Minha única reclamação sobre essas missões secundárias é com respeito à repetição da maioria delas. Ainda que todas tragam sua própria historinha e particularidades, a maior parte se resume a ficar enfrentando hordas de inimigos, então chega um momento que começa a ficar enjoativo. A boa notícia é que elas são muito úteis para subir de nível rapidamente, o que sempre nos recompensa com roupas novas para os Aranhas – e o guarda-roupa deste está incrível!
Espetacular!
Já se tratando dos aspectos técnicos, o jogo mantém uma evolução aceitável em relação aos anteriores. Os gráficos continuam espetaculares (apesar de ainda exigir que escolhamos entre ray tracing ou 60fps) e a performance está bem estável. Contudo, quem optar pelo framerate vai notar uma queda considerável na qualidade do visual, o que é uma pena.
O que mais impressiona aqui é o papel do SSD, que consegue ser impressionante em qualquer opção de jogo. A troca de personagens e as viagens rápidas acontecem quase que instantaneamente, levando apenas de um a dois segundos para serem concluídas. Esse tipo de performance é algo que só vimos em Ratchet & Clank: Rift Apart, então jogar jogos sem telas de carregamento é sempre muito bem-vindo.
Marvel’s Spider-Man 2 é uma sequência justa para um jogo que sempre se manteve dentro de um padrão de excelência. É mais do mesmo, mas quando esse “mesmo” é algo bom, não há problema algum nisso! Ele expande algumas das suas principais qualidades e ainda traz uma surpresa ou outra escondida na trama, o que é muito legal e certamente fará os fãs pirarem. Se você gosta do Homem-Aranha, nem preciso dizer que é mais um título obrigatório, não é mesmo?