*O review de Guardians of the Galaxy foi realizado com uma cópia do jogo fornecida pela Square Enix
Os filmes dos Guardiões da Galáxia popularizaram os personagens mais improváveis da Marvel mundo afora, mas até hoje eles não tinham recebido um jogo digno de sua popularidade. Tivemos aquele da Telltale em 2017 que pode até ser interessante, mas definitivamente point and click não é o gênero ideal para trazer a vida insana desses mercenários para os games. Felizmente, a Square Enix e a Eidos Montreal chegaram para tirar esse atraso, pois eles finalmente ganharam o jogo que merecem!
A princípio, não fiquei muito empolgado com Guardians of the Galaxy, principalmente pelo fato de só podermos jogar com o Star-Lord. Fala sério, temos aqui um jogo de ação com um grupo de cinco personagens e só podemos controlar um? Que baita potencial desperdiçado! Porém, o game já me impressionou logo de cara e só foi ficando melhor a cada minuto. Depois do grande fiasco que foi Marvel’s Avengers, os Guardiões da Galáxia chegaram para enriquecer ainda mais o universo Marvel dos games.
Os mais procurados da galáxia
O jogo funciona na mesma pegada de Marvel’s Spider-Man, onde não temos história de origem e já começamos a acompanhar a vida dos personagens nos momentos que importam. Contudo, apesar do título ser Guardiões da Galáxia, o protagonista deste game é somente o Peter Quill ou Star-Lord para os íntimos. Toda a história é contada da perspectiva dele, inclusive diversos momentos de flashback onde controlamos um Peter adolescente e cabeludo. Devo dizer que eu odeio essas viagens ao passado, mas amei cada uma das apresentadas neste jogo.
Resumidamente, a história gira em torno dos Guardiões se metendo em encrenca e fazendo um montão de besteiras para conseguir escapar delas. É praticamente igual assistir aos filmes, mas ainda mais legal porque aqui você está dentro da trama. Quem assiste os longas dublados certamente vai amar jogar este game em português, já que eles usaram os mesmos dubladores dos filmes na localização em pt-br.
Falando em localização, precisamos dar uma salva de palmas para os diálogos deste jogo, pois eles são simplesmente incríveis. Os personagens conversam o tempo inteiro, as conversas nunca se repetem e temos piadas e referências do início ao fim. É difícil um jogo me fazer rir, mas esse conseguiu – e mais de uma vez! Tem horas que você só fica parado escutando eles conversarem, pois são diálogos tão legais que não dá vontade de perder nenhum.
Já se tratando das músicas, outro fator importantíssimo de Guardiões da Galáxia que não poderia faltar, pode respirar aliviados. Os desenvolvedores não pouparam esforços e temos aqui uma seleção de grandes clássicos dos anos 1970 e 1980, só música famosa e perfeitamente encaixada nas situações mais malucas possíveis. Tem até uma rádio na nossa nave onde é possível tocar a faixa que você quiser.
Se até aqui já foram muitos elogios, calma que ainda não acabou. Os gráficos do jogo estão simplesmente surreais, com um nível de realismo que nem os trailers aparentavam. Cada ambiente que adentramos é de tirar o fôlego, especialmente os externos com as diversas faunas dos planetas que visitamos. É de uma riqueza de detalhes impressionante! Só deixaram um pouco a desejar na expressão facial dos personagens, que hora funciona e hora fica esquisita e super artificial. Ainda assim, não é um fator que estrague a experiência.
Nada de dancinha
Agora se tratando do jogo como jogo, aqui temos uma fusão de muitas coisas. O game segue as mecânicas de outros grandes títulos como God of War (2018) e The Last of Us, com a câmera se posicionando nas costas do personagem. Os cenários são todos lineares, com leves ramificações para explorarmos, caçarmos itens e colecionáveis.
Já o combate é surpreendentemente divertido e olha que por essa eu não esperava. O maior erro do jogo continua sendo o fato do Star-Lord ser o único personagem jogável, mas com o tempo isso deixa de ser um problema. Apesar de não controlarmos os outros, podemos dar ordens para eles auxiliarem nas batalhas e, no final, mesmo que indiretamente, você comanda todo mundo.
Existem diversos tipos de ataques que vamos liberando gradativamente, conforme avançamos na campanha. Quill também não decepciona no restante dos movimentos e possui diferentes esquivas e até mesmo ataques físicos. É um jogo que te dá bastante liberdade para enfrentar os inimigos como quiser, mas também exige que você alcance uma certa harmonia com as habilidades dos outros personagens. No geral, ainda é um esmaga botão, mas não deixa de ser estratégico.
Um fator que o jogo herdou do título da Telltale foram diálogos interativos, onde alguns trazem escolhas com um peso simbólico na história. Em certos momentos podemos decidir o que o Star-Lord vai responder para outro personagem, mas quase nunca isso tem um peso relevante. Em raros casos muda apenas algumas linhas de diálogo ou causa uma consequência específica depois, como algum personagem estar bravo com você, por exemplo. Acho que esse é um detalhe que não faria tanta falta assim, se não tivessem colocado.
O restante do pacote também não decepciona. Temos uma árvore de skills bem diversificada para melhorar nosso Star-Lord, upgrades para o personagem e uma boa seleção de roupinhas para cada Guardião (isso não poderia faltar). Esse é um daqueles jogos que você joga por dezenas de horas sem enjoar, pois mesmo sendo super linear, sempre tem alguma coisinha pra fazer.
Sem mais, é um grande alívio poder dizer que Guardians of the Galaxy é um baita jogão! É imperdível para quem curte os filmes, os personagens ou jogos de super-herói. O mais legal é que ele nada contra a maré dos jogos de herói padrão, onde somos 100% certinhos e queremos salvar o mundo. Aqui não! Aqui a gente causa somente o caos porque sim e não salvamos nada além da própria pele. Definitivamente um dos melhores AAA lançados este ano!