*Este review foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela EA SPORTS
Chegamos naquela famosa época do ano em que as promessas de que o “melhor Madden dos últimos anos finalmente será lançado” voltam com tudo. Após uma sequência que varia entre um fiasco total e um jogo meia boca nos últimos anos, a maior (e única) franquia de futebol americano dos games volta para, mais uma vez, tentar consertar os erros do passado. Eu fico até triste escrevendo isso, porque provavelmente você, assíduo fã de Madden NFL, provavelmente já sabe o resultado disso.
Madden NFL 23 se apoia em uma pequena homenagem ao lendário John Madden, treinador e comentarista que dá nome ao jogo e também revolucionou o esporte durante seus anos em vida. Essa seria a oportunidade perfeita para honrar o legado deste homem e salvar uma franquia que está em decadência há anos, mas parece que quanto mais promessas a EA faz, menor é o progresso. Definitivamente está melhor que os títulos dos três últimos anos, mas só um pouquinho – e isso não é o bastante.
Você já viu este jogo antes
A primeira coisa que chama atenção logo de cara na edição deste ano é a tentativa de homenagear o John Madden, como já citado. Eu realmente esperava que fossem caprichar mais pelo menos neste ponto, mas no final colocaram apenas uma partida comemorativa e umas cenas dele em vida passando durante o menu. Esse jogo especial até que é divertido, com times compostos por grandes jogadores que jogam ou já jogaram na NFL – todos queridinhos do Madden. Colocaram ele como técnico na sideline, o que ficou bem legal, mas no final é só isso.
Essa não foi só uma oportunidade perfeita de homenagear uma lenda do esporte, mas também de relembrar o legado da franquia (por mais capenga que ele esteja nos últimos anos). Poderiam ter colocado algum minigame retrô, que resgata os primeiros anos de Madden NFL, ou até um pequeno documentário sobre a história do jogo, mas resolveram deixar por isso mesmo.
Quanto às novidades desta edição, poucas são relevantes, então vou me limitar a falar apenas do que realmente tem peso. Primeiro, há um novo sistema de passes que auxilia os jogadores a lançar bolas mais precisas, facilitando prever onde seu passe vai parar. Tudo depende de uma mecânica de timing que é fácil de pegar, mas difícil de dominar – principalmente no calor do momento, quando seu QB está sendo pressionado no pocket. Esse sistema também valorizou bem mais o rating dos jogadores, então agora ficou mais fácil completar jogadas com jogadores de alto nível e vice-versa.
A segunda novidade mais relevante está no modo Franchise, que foi levemente aprimorado. Sua principal mudança está no sistema de motivação dos jogadores, que está realmente melhor este ano. Agora os free agents contratados pelo seu time podem ficar contentes ou infelizes em jogar pela franquia por uma série de fatores, que vão desde seu desempenho pessoal em campo até o desempenho da equipe na temporada. Quando ficam muito desmotivados, eles podem pedir uma troca ou exigir contratos absurdos, o que vai mudar toda a sua estratégia.
Por fim, o modo Face of the Franchise também foi totalmente repaginado, mas continua fraquíssimo. A campanha com história foi completamente removida e agora controlamos um free agent que está entrando na NFL agora. Você escolhe o time, a posição que quer jogar (agora podendo escolher CB também) e começa a farmar pontos para evoluir seu jogador, em busca do distante rating 99. Quem tiver paciência o suficiente poderá usar seu super atleta no modo The Yard, que também é igualmente ignorado pela galera.
Mais do mesmo
Os outros modos até tiveram algumas novidades, mas são tão irrelevantes que provavelmente não vão fazer diferença alguma, se comparar sua experiência com os anos anteriores. O Madden Ultimate Team, por exemplo, teve só a adição de um sistema de battle pass, que felizmente é gratuito e não envolve microtransações. Ao menos esse já era um modo que, ano após ano, seguia sendo uma das únicas coisas que prestavam na franquia, então não tem tanto o que alterar por aqui…. mas uma hora vai cansar.
O restante do pacote vocês já conhece bem – e isso não é uma coisa boa. A evolução gráfica, se comparado com Madden NFL 22, é quase inexistente, mas houve uma melhoria discreta na aparência dos jogadores, então este ano não teremos Mahomes cabeçudo. A EA afirma que está buscando melhorar cada vez mais a fidelidade dos atletas na vida real, mas é difícil de confirmar isso, já que eles usam capacete o tempo todo. Outra coisa que eles garantiram é que foram adicionadas cerca de 3.500 novas animações, expandindo consideravelmente o leque de movimentos dos jogadores. De fato, é notável que está melhorzinho e com mais variedade, principalmente se tratado da defesa.
Agora, o que realmente incomoda em Madden NFL 23 são os bugs, que não estão tão pesados quanto no 21, mas se fazem presentes quase o tempo inteiro e quebram toda a imersão. O jogo até tenta ser realista, mas sempre aparece algum bug pra bagunçar tudo ou simplesmente lembrar o motivo de Madden ter chegado ao nível que se encontra hoje. Até o momento, ele continua bem quebrado, então haja patches para consertar tudo isso.
A falta de realismo também se encontra em erros bobos cometidos pelos próprios desenvolvedores. No modo Franchise, que eu inclusive elogiei antes, você provavelmente vai testemunhar a free agency mais insana e mentirosa de todos os tempos, com vários times liberando jogadores de elite como se não fossem nada. O sistema de motivação é legal, mas do que adianta se eles acabam deixando o jogo sem sentido de outra forma?
Dito isso, fica o veredito: Madden NFL 23 só é mais Madden. Houve melhorias, mas não existe mais espaço para evoluir em um ritmo tão lento como está sendo atualmente. A gente não quer jogar um Madden bom só em 2030, a gente quer jogar agora! Se a EA está fazendo isso somente para segurar mais novidades para os vindouros títulos, está na hora de acordar para a vida. Este foi só mais um ano que poderia ter sido melhor.