Little Nightmares definitivamente não é para criancinhas e sua sequência está aqui para provar. O primeiro jogo fez sua fama principalmente por causa de sua estética bizarra e claramente inspirada nas obras de Tim Burton, além de uma proposta nada convencional: você é uma criança que deve escapar de um cárcere sombrio repleto de criaturas bizarras que querem te devorar.
Little Nightmares II é uma daquelas sequências que não acrescentam muito ao original, mas que com pouco conseguem sustentar o “2” que carregam no título. O jogo traz exatamente tudo que compõe a identidade do primeiro e, sem ousar muito, consegue garantir mais algumas horinhas de muita tensão e reflexão neste mundo desconhecido.
Revisitando o passado
O primeiro jogo nos colocava na pele de Six, uma menininha com uma capa de chuva amarela que deveria escapar de uma espécie de orfanato com propósitos muito desumanos. Agora, Six não está mais sozinha e contará com a companhia de Mono, o garotinho que protagoniza os DLCs do jogo anterior. Juntos, eles deverão investigar uma misteriosa transmissão que parece estar fazendo lavagem cerebral em todos ao seu redor.
Essa é a principal novidade de Little Nightmares II: o fato de controlarmos dois personagens ao invés de um. Porém, ao contrário do que todos pensávamos, o jogo não possui nenhum tipo de multiplayer co-op, ele é exclusivamente singleplayer e devemos controlar cada criança alternadamente. Essa mecânica é explorada ao longo de toda a campanha, principalmente na resolução de puzzles, então jogar sozinho é algo que faz parte da proposta e por isso a ausência de co-op não é um problema.
Apesar de parecer que ambos os jogos são apenas histórias aleatórias com o único objetivo de perturbar o jogador, quem jogou o primeiro com certeza vai notar alguns fatores que desenrolam uma narrativa silenciosamente. Nenhum dos games possuem diálogos, mas com o simples poder da observação podemos notar um padrão nessa história. Depois, cabe a nós mesmos criar nossa própria teoria sobre o que está acontecendo na vida dessas crianças e no universo que ambienta a série, e essa provavelmente é a parte mais legal de jogar Little Nightmares.
Enquanto o primeiro era ambientado em um orfanato sinistro, agora visitaremos lugares como uma escola e um hospital, cada um com seus respectivos “nêmesis” para nos perseguir. Ao que tudo indica, esses são lugares já familiares para Six e Mono, então tudo indica que estamos revisitando locais em que eles passaram no passado e, discretamente, vamos sendo apresentados cada vez mais àquele mundinho sombrio.
Igualmente bizarro
No geral, o jogo não foge muito do que o primeiro já era. Ao longo de cinco fases razoavelmente longas, devemos explorar, resolver puzzles, fugir de monstros perseguidores e, acima de tudo, sobreviver. A campanha é tão curta quanto a do seu antecessor (e olha que o primeiro dá para terminar em menos de uma hora, caso você faça tudo rapidinho), então novamente temos aqui uma jogatina que pode muito bem acabar no mesmo dia em que começar.
Dito isso, os problemas do primeiro jogo também se repetem aqui. O principal continua sendo a câmera, que muitas vezes se posiciona de forma estranha e atrapalha o gameplay. Nós podemos movê-la levemente para a esquerda ou direita, mas no geral ela se move sozinha para o lado que andamos. Não é algo tão recorrente, mas também não é tão raro a gente acabar morrendo porque a câmera atrapalhou de alguma forma.
Os comandos também não são lá dos melhores, o que acredito ser intencional, para dar mais desespero nos momentos de perseguição. Porém, os pulos são disparados a pior parte da jogabilidade, o que se torna ainda mais frustrante somados aos problemas de câmera. Esse era um problema recorrente no primeiro que, infelizmente, não foi melhorado neste.
Mas uma coisa que certamente foi aprimorada foram os gráficos. O primeiro já era bonito, mas o segundo está ainda mais deslumbrante e a atmosfera sombria está incrível. Cada cenário se supera nas bizarrices e chega a dar calafrios, sem contar o visual das criaturas e perseguidores da vez. Toda a equipe está de parabéns pelo excelente trabalho, mas para a direção de arte eu tiro meu chapéu.
Little Nightmares II é uma boa expansão do primeiro e isso já responde se vale ou não a pena fazer esse investimento. Quem gostou do anterior com certeza vai gostar desse e provavelmente terá uma experiência ainda melhor, já que este tem mais coisas. A pergunta que realmente importa é: você tem coragem de embarcar nos horrores deste mundo mais uma vez?