Life is Strange 2 continua sua saga de lançamentos exageradamente espaçados e finalmente podemos ver como a saga de Sean e Daniel se desenrola – dessa vez com o penúltimo capítulo, está acabando!
O episódio 4 do jogo, intitulado “Faith” (Fé), volta a abordar temas mais polêmicos e contemporâneos relacionados à realidade do povo norte-americano. Apesar de serem pautas inspiradas na sociedade estadunidense, elas ainda se aplicam na vida de todos, mesmo que de formas diferentes.
O foco deste review acabará ficando mais no quanto a Dontnod conseguiu acertar (ou não) em suas críticas sociais. É claro que também haverão leves SPOILERS do fim do episódio 3, então leia por sua conta e risco.
O menino milagroso
O episódio dá continuidade ao momento em que Sean e Daniel são separados no final do episódio 3. Após se recuperar de um coma e ter perdido um olho, Sean está sob custódia da polícia e precisa fazer o possível para fugir e procurar por seu irmão em uma cidadezinha de estrada chamada Heaven Point. Mal ele sabia que os poderes do menino estavam sendo explorados por uma fanática religiosa, que está lucrando às custas “dos milagres” que Daniel é capaz de fazer.
Dessa vez, além da xenofobia e todo o protesto anti-Trump que testemunhamos ao longo dos últimos três episódios, o novo capítulo também aborda a questão dos cultos e fanatismo religioso, que ainda é algo mais comum do que parece em solo norte-americano. Não teremos nada voltado para crueldades e milícias armadas como vimos em Far Cry 5, mas Life is Strange 2 aborda uma perspectiva mais fiel à realidade, onde uma única pessoa que se diz emissária de Deus explora a fé das pessoas para controlá-las e tirar proveito disso.
A ideia é boa e o fato de terem encaixado os poderes de Daniel com algo voltado para o lado religioso faz todo o sentido, mas no final o clímax da coisa ficou um tanto forçado. Os momentos finais são carregados de um drama pouco convincente e até exagerado, forçando diálogos que quebram consideravelmente o laço entre os personagens e dando holofotes demais para a vilã deste episódio.
É como se em todo episódio o Daniel simplesmente deixasse de amar o irmão e o jogo nos encarregasse de fazer Sean se humilhar e virar um saco de pancadas o tempo inteiro para recuperar a confiança do garoto. Dessa vez, isso simplesmente não funcionou muito bem. Ainda assim, não podemos ignorar todas as críticas sociais, que transmitiram bem a mensagem.
Reencontros
O episódio 4 também terá momentos de reencontros com personagens supostamente cruciais para a trama. Apesar de já ser esperado (afinal não tem muitos episódios faltando), esses momentos poderiam ter sido melhor trabalhados. Mesmo com toda a interação e o fator “surpresa”, nada neste episódio foi muito comovente.
Neste capítulo não coube nem os clássicos momentos de contemplação acompanhados de uma música pop viciante. Houveram cenas musicais, mas todas focadas na melancolia envolta dos temas tão pesados que foram abordados.
Ainda assim, um ponto bem positivo é que, mesmo que este episódio tenha sido tão previsível, o final do jogo continua sendo um grande mistério. É simplesmente impossível afirmar como será a conclusão do próximo capítulo (que só chega em dezembro) e a cena pós-créditos apenas instiga um pouco mais as críticas sociais do jogo.
É até perdoável o fato de não terem trabalhado tanto com as interações entre todos os personagens presentes agora, pois poderemos ver muito mais deles no episódio final que, na teoria, será o mais impactante e marcante de todos os cinco. Assumo que estou muito curioso para saber o que Life is Strange 2 reserva no fim dessa jornada, mas também assumo que quanto mais jogo este jogo, mais falta sinto de Arcadia Bay.