A saga dos irmãos Diaz continua com o terceiro episódio de Life is Strange 2, Wastelands (Ermos, em tradução livre). Seguindo a tradição dos episódios com quatro meses de intervalo entre um e outro, finalmente saberemos como se desenrola a fuga de Sean e Daniel, que neste capítulo farão novos amigos e inimigos.
Não preciso nem alertar que, caso você não tenha jogado os outros episódios, melhor não acompanhar este review, pois estará repleto de SPOILERS da trama.
Uma nova família
Independente do que tenha acontecido com o Chris (ou Captain Spirit) no final do episódio anterior, nossa dupla acaba fugindo em um trem e se reencontrando com os nômades que eles conheceram em Beaver Creek. Agora eles vivem em uma comunidade de jovens mochileiros que ganham a vida de um jeito no mínimo peculiar: trabalhando em uma plantação de maconha de um traficante bem perigoso (que é a cara do Gus de Breaking Bad, uma singela homenagem).
O episódio terá um grande foco nos desentendimentos entre os irmãos, no qual Daniel sempre critica Sean por supostamente dar mais atenção para seus novos amigos do que para ele. Sean também não está gostando nada da aproximação de Daniel com Finn, o “líder” dessa comunidade, ao mesmo tempo que se preocupa com a possibilidade de Daniel acabar revelando os seus poderes.
Neste episódio também teremos um pouco de romance – você até pode definir a sexualidade de Sean! Não que seja uma novidade na série, pois no primeiro jogo isso também era possível, mas é sempre bom oferecer opções para todos. Outros assuntos polêmicos e importantes também são tratados sutilmente, como racismo e diversidade. Tudo isso está escondido em diálogos opcionais, em sua maioria, o que pode acabar passando batido por aqueles que não exploram tanto.
Uma coisa que a Dontnod definitivamente acertou em cheio neste episódio foi a trilha sonora. Todas as músicas que tocam aqui são excelentes e encaixam perfeitamente com cada momento. Conseguiu até mesmo superar o momento “Liztomania” no primeiro episódio.
Um único caminho
Este episódio se mostrou mais interessante do que o segundo, pois a adição de todos esses personagens causaram um impacto positivo. Todos eles possuem uma personalidade única que te incentiva a procurar conversar com eles sempre que possível, apenas para descobrir mais sobre seu passado e seus gostos.
O romance também não é mal construído e jogado lá de qualquer maneira. Isso é mais nítido na relação heterossexual, pois você vai vendo um sentimento se construindo pouco a pouco entre Sean e a garota e quando finalmente acontece, você fica satisfeito. Já na relação homossexual, não é bem um romance e sim apenas um “lance” entre Sean e outro personagem, nada muito sentimental.
O único problema é o modo como esses episódios se desenrolam. Com exceção do primeiro, que foi um pouco mais agitado, o segundo e o terceiro seguem o mesmo esquema de enrolar o máximo possível e colocar algo chocante somente no final. Por vezes você se pegará entediado enquanto joga porque nada de empolgante acontece, são só conversas e mais conversas que não vão acrescentar muito na trama em geral, apenas neste episódio.
O que realmente me incomodou neste capítulo foi o final, que oferece escolhas que resultam em um único fim! Dependendo de como você agir a partir de um certo ponto, tudo influenciará em como o último trecho do episódio se desenrolará, mas não importa o que você escolha, as mudanças serão um detalhe ou outro e sempre acontecerá a mesma coisa.
No review do episódio anterior eu havia reclamado que o jogo te dava uma liberdade ilusória e que na realidade a trama era bem linear, mas depois de rejogá-lo acabei descobrindo que o final do episódio 2 era aleatório. Mesmo fazendo as mesmas escolhas, será um fator aleatório que definirá o que acontecerá no momento final, o que achei bem estranho. Já no episódio 3 o final é único, com mudanças mínimas dependendo do que suas escolhas definiram para aquele momento.
Eu estava realmente otimista quando Life is Strange 2 foi lançado, achando que a Dontnod daria mais liberdade que no primeiro título e ofereceria mais finais. Já estamos na metade do jogo e tudo indica que será como seu antecessor: apenas dois finais no mínimo insatisfatórios. Espero que não seja desse modo e que os próximos dois episódios sejam bem surpreendentes.