*Este review foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela Nintendo Brasil.
Kirby é uma das franquias mais fascinantes da Nintendo. Ao mesmo tempo que todos os seus jogos são super simples e intuitivos, eles também contam com um grau de “complexidade” que é até difícil de explicar. Depois de tantos anos controlando essa bola rosa somente em jogos sidescrolling que eram no máximo 2.5D, finalmente chegou o momento de nos aventurarmos em um título 100% tridimensional.
Pouca gente deve lembrar, mas esse não é o primeiro jogo 3D do Kirby. Sua estreia em um game de aventura (já que Kirby Air Ride é de corrida) foi em Kirby’s Blowout Blast, um exclusivo de 3DS que foi lançado somente na eShop, então passou batido por muita gente. Mal dá para chamar aquilo de jogo, já que ele é bem curtinho e pode ser finalizado em menos de uma hora, mas as principais mecânicas da franquia já foram adaptadas ali com perfeição. Kirby and the Forgotten Land teve apenas a missão de incorporar as Copy Abilities e trazer novidades, é claro.
Desbravando um mundo novo
Dessa vez as aventuras da nossa querida bolota não se passam no planeta Popstar, mas sim em um lugar totalmente novo e misterioso conhecido apenas como Terra Esquecida. Após ser sugado por um portal interdimensional, Kirby se vê perdido nas ruínas de uma cidade habitada por muitas criaturas estranhas, além daquelas que já conhecemos. Ao lado de uma criaturinha mágica chamada Elfilin, nosso herói se vê forçado a enfrentar essa nova ameaça para resgatar as centenas de Waddle Dees que estão sendo sequestrados por esse inimigo desconhecido.
Minha experiência com Kirby and the Forgotten Land foi semelhante a que tive quando joguei Super Mario Odyssey pela primeira vez – o que é algo muito positivo, então se você nunca jogou um dos melhores Marios já feitos na história da humanidade, faça-se esse favor. É como revisitar um jogo que já conhecemos de cabo a rabo, só que de uma forma totalmente nova e mais imersiva. O trabalho do HAL Laboratory neste título ficou simplesmente impecável.
O jogo em si ainda é a mesma coisa: tudo que faremos é engolir coisas, ganhar habilidades novas e trucidar tudo que vemos pela frente. A campanha é dividida em mundos, cada um com quatro fases e um chefe no final. Além da cidade pós-apocalíptica, também visitaremos biomas diversos como praias, montanhas de neve, desertos e vulcões, os clássicos clichês de jogos do gênero. O objetivo principal do jogo é simplesmente chegar até o final das fases, mas cada uma também oferece uma série de desafios opcionais que garantem alguns Waddle Dees extras, quando concluídos. Quem quiser salvar todos terá bastante trabalho pela frente.
Todo Waddle Dee resgatado volta para a cidade principal, que funciona como nossa “safe house”, o lugar onde podemos nos preparar para os desafios que virão e jogar alguns minigames. No começo está tudo vazio e destruído, mas conforme você vai salvando os habitantes, novos recursos serão desbloqueados, então é sempre divertido ficar na expectativa do que virá depois. É um lugarzinho muito simpático e legal de se passar o tempo, já que a variedade de atividades é melhor que a encomenda.
Estiloso e letal
Kirby and the Forgotten Land não é somente um jogo muito divertido de jogar, mas também tem um combate de tirar o fôlego. Isso já é de lei na franquia, algo que foi conquistado graças às Copy Abilities, a capacidade de Kirby engolir determinados inimigos e absorver seus poderes. Porém, é a primeira vez que temos uma entrada na franquia com tudo isso em ação tridimensional, proporcionando um dinamismo que até então não tinha sido apresentado.
Os poderes são basicamente os mesmos dos jogos anteriores, com uma ou outra novidade. O legal é que todos eles podem ser evoluídos com o decorrer da história, proporcionando habilidades ainda mais devastadoras. Mesmo jogando na dificuldade mais alta, Kirby é implacável e vai ser muito difícil morrer em combate, mesmo que você jogue de uma forma mais imprudente, sem medo de tomar dano.
O jogo em si não é difícil. Na campanha principal, só tive dificuldade em uma das batalhas finais, mas não foi nada de outro mundo. Por outro lado, ele compensa o desafio mais baixo da história no pós-game, pois daí já são outros 500. Como de costume em um jogo da Nintendo, você libera toda uma campanha adicional após zerar o jogo, que aqui funciona como um modo mais difícil das fases que você já tinha. A parte boa é que somos incentivados a jogar tudo de novo, já que isso também faz parte da história. Vale a pena, então não deixe de tentar!
Além das fases, cada mundo também oferecerá uma série de desafios que exploram as diferentes habilidades de Kirby no jogo, todos com limite de tempo e uma recompensa importante no final, que serve para dar upgrades nos seus poderes. No geral, são desafios rápidos e tranquilos de fazer, mas com o tempo começa a enjoar – e são muitos! Acho que poderiam ter criado outras formas de oferecer essas recompensas além dessas provas, mas tudo bem.
A principal novidade de Forgotten Land fica a cargo do Mouthful Mode, que consiste no Kirby engolindo coisas absurdamente maiores que ele e as usando a seu favor. Indo desde um carro até uma máquina de refrigerantes, cada objeto nos fornece uma habilidade única que deve ser usada naquele trecho em questão. É um adendo bem legal e que foi muito bem explorado, tanto na campanha quanto nos desafios opcionais, então é sempre divertido jogar esses momentos.
Quanto ao resto do pacote, só sobram elogios. Os gráficos são um dos melhores que já vi no Switch, podendo ser comparados com Zelda Breath of the Wild, Super Mario Odyssey e Luigi’s Mansion 3, que ocupam o pódio dos títulos mais bonitos da plataforma. É uma riqueza de detalhes absurda e fica nítido que eles exploraram as capacidades do console ao máximo. A trilha musical também é muito boa, resgatando faixas de jogos anteriores e adicionando algumas novas – inclusive uma faixa com vocal que vai grudar na sua cabeça.
Kirby and the Forgotten Land é um título obrigatório para todos os donos de um Switch! Até para quem nunca jogou um título da bolota, pode ficar tranquilo, pois ele é super amigável e fácil de aprender. É diversão garantida para todas as idades e, agora que Breath of the Wild 2 foi adiado, provavelmente é o melhor lançamento da Nintendo em 2022.