*A análise de Green Hell foi feita com uma cópia de PC (via steam), cedida pela Creeppy Jar
Green Hell foi lançado ano passado, o jogo criado e distribuído pela desenvolvedora Creeppy Jar passou um tanto despercebido desde o seu lançamento, mas não deixou de receber elogios daqueles que testaram o título que apresentava o modo sobrevivência como sendo o grande destaque.
Agora, em 2019, o jogo recebeu um modo história onde controlamos um casal que volta a fazer contato com uma tribo indígena. O modo história vem como uma tentativa de trazer um certo destaque ao jogo e apresenta-lo para quem não o conhecia o título… como eu.
Bem vindo à selva!
Espero que The Rock não brigue comigo por usar esse título, mas enfim. Green Hell nos oferece três modos, mas o que realmente merecem um certo destaque são dois, o modo história e o sobrevivência. Primeiro o modo história, nele conhecemos o casal que vamos seguir durante toda a trama. O protagonista voltou com sua esposa para uma região da floresta Amazônica, com o objetivo de tentar um novo contato com uma tribo-local que não tem familiaridade com outros povos fora de sua tribo.
O primeiro contato foi tranquilo, mas no segundo algo deu errado depois que a esposa do protagonista decidiu ir sozinha falar com os indígenas , dias depois no meio da noite nosso personagem é atacado e obrigado a fugir do acampamento enquanto escutamos sua esposa pedindo ajuda pelo rádio. Durante a fuga o protagonista sofre um acidente e perde parte da memória, não lembrando do que aconteceu durante o primeiro contato com a tribo. Além disso, misteriosamente, sua esposa que antes pedia por ajuda agora está bem e é você que precisa encontra-la para chegar nesse local seguro onde ela está e sair da floresta.
O modo história de Green Hell apresenta uma trama um tanto misteriosa, e a ideia de fazer o protagonista perder a memória relacionada ao primeiro encontro com a tal tribo indígena deixa tudo ainda mais intrigante, e ao explorar o vasto mapa do jogo descobrimos que você e a sua esposa não são os únicos explorando as redondezas indígenas.
A campanha não tem uma duração pré-estabelecida, vai depender da capacidade do jogador em adaptar-se com as técnicas de sobrevivência, que acredite não são fáceis. No início, antes do acampamento ser atacado, temos um rápido tutorial para aprender o básico do básico, mas acredite que isso não vai ajudar tanto, e você vai morrer muito!
Os outros modos
O modo sobrevivência por sua vez não tem uma história, apenas somos jogados na floresta e devemos sobreviver o máximo de dias possíveis. O mapa é o mesmo da campanha, porém com uma dificuldade maior, já que aqui o jogo não se preocupa em te manter vivo para dar continuidade a trama. Por isso recomendo jogar esse modo depois que avançar bastante campanha e aprender alguns macetes e reconhecer certos lugares da floresta.
E por último e menos importante temos os desafios. Nesse modo nós escolhemos o desafio que vamos realizar, desde criar uma fogueira até criar uma armadura de metal, mas não basta apenas criar as peças, ainda precisa sobreviver os dias pedidos no desafio. Você acha que consegue?
Tudo quer te matar
Independe do modo que você escolher, o objetivo principal de Green Hell sempre vai ser manter o personagem vivo e para isso você vai precisar manter os níveis de água, gordura, proteína, sanidade, etc. sempre altos ou medianos, pois caso esses níveis fiquem mais baixos seu personagem pode cansar mais rápido, diminuir a barra de vida aceleradamente ou pior ficar louco!
Quando a sanidade diminui o protagonista não morre, mas passa a ouvir várias vozes e gritos, além de índios imaginários vindo atacá-los (e estes também podem matar tanto quanto os reais). A sanidade baixa faz Green Hell sair de um jogo de suspense para um terror psicológico e angustiante.
Outras coisas em Green Hell também podem te matar, como por exemplo, comer cogumelos e furtas estragadas ou desconhecidas, elas causam intoxicação alimentar; quedas de lugares altos podem causar luxações que te mata aos poucos; animais peçonhentos, como cobras, sapos, aranhas e escorpiões podem causar fortes envenenamentos e febre, que se não tratados logo vão te matar rapidamente; tomar água suja te dar parasitas no estômago; índios podem te atacar de forma desavisada; onças podem aparecer a qualquer momento entre vários outros perigos. Resumindo, Green Hell é um simulador desafiador.
Dificuldade desafiadora!
Por viver em uma selva de pedra, eu não conseguia durar mais que um dia jogando a campanha de Green Hell, mas depois de me dedicar algumas horas e entendo a lógica por de trás do jogo, certas ideias começaram a ser mais intuitivas, como por exemplo, não basta apenas criar uma fogueira, você vai precisar criar um local para estocar a lama, depois criar uma estrutura com teto de lama seca para proteger a fogueira da chuva, em seguida vai procurar por pedras para colocar ao redor do fogo, colocar as carnes nessas pedras e assa-las mais rapidamente sem se preocupar com a chuva e acredite, chove muito! Depois de preparar tudo isso uma onça simpática pode aparecer e te matar por causa do cheiro da carne.
Claro, Green Hell apresenta outros níveis de dificuldade e até permite que você personalize, podendo tirar a presença de animais carnívoros, permitir que a sanidade não diminua, ou que suas necessidades demorem mais para acabar, além de outras mudanças que podem deixar a jogatina mais agradável para quem for mais casual.
O caderno é seu melhor amigo
Sofreu uma luxação, veja o caderno para saber como se curar e vá atrás dos ingredientes; dormiu na lama e um verme entrou em seu corpo, veja o caderno e aprenda como tirar o verme e tampar a ferida; pegou intoxicação alimentar, veja no caderno o que precisa para se curar; quer criar uma fogueira, vá no caderno e veja o que precisa, vai criar armas, uma cabana e outras estruturas, então faça a mesma coisa.
Você sempre vai precisar do caderno, e ter que usá-lo tantas vezes deixa o jogo menos dinâmico e atrapalha o jogador ver tanto ícones na tela, fazendo-o se perder no meio de tantas opções.
Imersão fantástica
Os gráficos de Green Hell não são espetaculares, o cenário, embora bonito, apresenta vários elementos atravessando outros elementos, como uma anta que passa por uma folhagem como se a folhagem não existisse. Os gráficos dos personagens humanos é razoável, mas os rostos sem expressão e a pele com pouca textura deixa tudo um levemente estranho. Mas acredite o gráfico do jogo não é ruim e esses “problemas” não atrapalham em anda na imersão que o jogo oferece.
E se essa imersão existe devemos bater palmas para a Creeppy Jar, pois eles acertaram em cheio nos efeitos sonoros. Os barulhos de paços são os mesmos, e essa limitação nos deixa um tanto apreensivos por não sabermos se é um índio caçando ou uma capivara andando a poucos metros de distância do nosso personagem. O som de animais selvagens, como onças e cobras nos deixam aflitos e nos fazem correr para uma direção completamente oposta o mais rápido possível. Porém, quando a insanidade vem, o show da trilha sonora faz com que a gente se sinta completamente perdido (no bom sentido), sem saber o que pode ser real e nem de onde está vindo o perigo.
Algumas ressalvas
Green Hell tem loadings demorados. As mecânicas que o jogo apresenta são um tanto complicadas de se aprender rapidamente, vai precisar de algumas horas de gameplay. Muita coisa no jogo poderia ser mais dinâmica e intuitiva.
Considerações Finais
Para um desenvolvedora indie a Creeppy Jar fez de Green Hell uma obra singular e viciante. Sua dificuldade permite adaptar-se aos mais diversos tipos de jogadores, deixando-a fácil para quem quer algo mais casual e extremamente desafiadora para quem busca uma experiência fora do normal. O modo história é competente na trama que apresenta e incentiva a exploração.
Para os fãs de jogos de sobrevivência e para os que não conhecem, Green Hell vale a jogatina.
Desenvolvedor: Creeppy Jar
Gênero: Survive
Disponível para: PC
Data de lançamento da campanha: 5 de Setembro de 2019