De todos os jogos que poderiam receber uma sequência, Gimmick! definitivamente era um dos menos esperados da lista. Lançado originalmente em 1992 para o Nintendinho, este título se tornou uma espécie de clássico cult por ser igualmente charmoso e muito difícil. Sua distribuição limitada ao redor do mundo também afetou sua popularidade – mas isso não o impediu de receber uma sequência 33 anos depois.
Muitos alegam que Gimmick! era um plágio de Kirby – mas na verdade, Yumetaro chegou ao mundo dos jogos poucos meses antes da nossa querida bolota rosa. Nesta sequência, a Bitwave Games soube adaptar a fórmula do clássico para moldes mais modernos, trazendo um título inédito que consegue carregar a vibe do antigo e ainda parecer um jogo dessa época.
Bonitinho e minimalista
Seguindo a premissa do original, Gimmick! 2 é um jogo de plataforma e puzzles que começa se vendendo como uma aventura fofinha e infantil, mas que não demora muito para mostrar o quão complexo ele pode ser. Tudo aqui é bem minimalista, mas profundo o suficiente para oferecer um alto grau de desafio em diferentes camadas.
Yumetaro possui apenas três tipos de ação: andar, pular e atirar um projétil de estrela (qualquer semelhança com Kirby é mera coincidência). Isso é tudo que você precisará dominar para superar todos os desafios que compõem os seis mundos do jogo. Em uma primeira jogada, você provavelmente levará algumas horas para terminar tudo, mas isso não descarta o fato de ser um título bem curto – os mais experientes podem até conclui-lo em menos de duas horas.
O visual abre mão do pixel art 8-bit para dar espaço a um estilo mais cartunesco, todo desenhado a mão. Particularmente, gostei dos gráficos coloridos e bem animados, principalmente pelo fato deles casarem bem com a atmosfera fofinha do jogo. A trilha musical também merece destaque, pois foi composta pelo lendário David Wise, que trabalhou nas músicas de diversos títulos da Rare no passado.
Continua hardcore
Para quem não conhece a reputação do clássico ou costuma julgar um livro pela capa, é importante entender que Gimmick! 2 não é um jogo fácil. Ele possui mecânicas mais modernas, como vidas infinitas e diversos checkpoints ao longo das fases – mas mesmo com essas assistências, o nível de desafio ainda é alto. Vale ressaltar que o modo “Assisted” não funciona como uma dificuldade fácil.
Mesmo com poucos movimentos, o jogo explora muito bem os diferentes tipos de desafios que se pode explorar dentro das suas limitações. Esse é um daqueles jogos de plataforma que exigem destreza minuciosa e reflexos afiados, prontos para superar obstáculos com precisão milimétrica. Toda fase também funciona como um puzzle, exigindo que o jogador descubra seus segredos para conseguir avançar.
Apesar de ser difícil, ele não chega a ser injusto. Muitos jogos se perdem em sua proposta de serem desafiadores, entregando experiências que são mais frustrantes do que instigantes. Gimmick! 2 conseguiu entregar uma aventura bem decente nesse quesito, ainda que não fuja totalmente dos momentos de frustração. Assim como qualquer outro título que siga pelo mesmo caminho, esse aqui é para poucos.
Podemos dizer que esse revival de Gimmick! foi um sucesso. A sequência acaba não se destacando em meio a um gênero excessivamente explorado, mas consegue entregar aquilo que promete. Se esse é um sinal de que Yumetaro pode receber uma franquia longeva, é difícil dizer. Contudo, temos aqui uma prova viva de que qualquer jogo pode receber uma nova chance, não importa há quanto tempo esteja fora do mercado.