Ao longo de mais de 30 anos de história (e fantasia), Final Fantasy já deu a luz a várias séries que tomam rumos diferentes de seus 15 jogos principais (e suas respectivas sequências). Marcando a estreia da franquia no GameCube, Final Fantasy Crystal Chronicles curiosamente foi o único FF lançado no console, mas ele era tão legal que acabou originando uma série paralela que hoje já conta com cinco jogos.
17 anos se passaram desde seu lançamento original e chegou o momento de revisitar aquele mundo mágico – que por alguma razão nunca recebeu um nome. Crystal Chronicles continua sendo um título muito atual e um dos spin-offs mais charmosos da franquia, mas infelizmente esse remaster conseguiu falhar em certos aspectos, como veremos a seguir.
Guerreiros da luz
Quem é fã de Final Fantasy de longa data sabe que quase tudo em gira em torno de cristais, quatro guerreiros capazes de utilizar as magias provenientes desses cristais e por aí vai. Crystal Chronicles não foge dessa lógica, só que aqui não temos um enredo extremamente desenvolvido e complexo como vemos na saga principal, apenas um grande conceito.
O mundo em que nossos personagens vivem sempre foi sustentado por um grande cristal, que acabou sendo fragmentado quando foi atingido por um meteoro mil anos antes da nossa história começar. Junto com esse meteoro veio uma ameaça chamada de O Parasita, que ano após ano começou a espalhar um vapor conhecido como Miasma pelo mundo – esse que é venenoso e mata tudo que toca. Essa ameaça pode ser impedida com a ajuda de uma energia específica que precisa ser encontrada e coletada, e é aqui que nossa missão tem início.
O primeiro passo é criar seu personagem, o que na verdade só serve para escolher com qual classe quer jogar. Com uma caravana composta por outros três personagens, o quarteto deve sair explorando o mundo, entrando em dungeons, vencendo chefes e resolvendo puzzles. Você pode comparar este Final Fantasy como uma espécie de Diablo, pois na prática é a mesma coisa.
A grande cereja do bolo de Crystal Chronicles é que era o primeiro grande jogo da franquia a contar com um modo multiplayer cooperativo, o que era demais! Quatro jogadores jogando simultaneamente, explorando dungeons juntos e unindo forças em combate. Esse era o grande charme do jogo em sua época e ele foi completamente pensado como uma aventura para ser jogada com amigos e não uma jornada solo.
É perigoso ir sozinho
O multiplayer continua sendo o grande atrativo do jogo, mas assim como na época, ele continua com problemas e sérias limitações. Na época do GameCube, o grande problema é que para ativar o co-op era preciso conectar o Game Boy Advance através de um adaptador, ou seja, além de não ser nada prático, era preciso ter dois consoles diferentes!
Esse remaster era a chance perfeita da Square Enix consertar essa gafe e tornar o multiplayer do jogo perfeito… mas infelizmente não foi bem assim que aconteceu. É inegável que houve melhorias, mas o co-op dessa versão é exclusivamente online e eliminaram de vez o co-op local. Segundo os desenvolvedores, isso se deu por dificuldades no desenvolvimento e no cumprimento de prazos, mas ninguém iria reclamar se eles adiassem o game mais uma vez para implementar tanto o multiplayer local quanto o online. Afinal, estamos falando de um jogo de 2003, então não existe hype alguma para jogá-lo logo, não é mesmo?
Felizmente o multiplayer online é ótimo e oferece bastante opções para as pessoas jogarem da maneira que acharem melhor. Primeiramente, contamos com crossplay, então não importa a plataforma, todos podem jogar juntos (desde que ambos tenham o jogo). Segundamente, a Square Enix liberou uma versão trial que libera três dungeons do jogo gratuitamente. A parte boa é que quem tem o jogo completo pode convidar mais três pessoas que não tenham para jogar junto e desse modo a versão trial libera todas as 13 dungeons. Sendo assim, só uma pessoa precisa comprar para quatro se divertirem!
Além do crossplay, o jogo tem cross-save, então quem tiver o game em mais de uma plataforma pode continuar jogando onde quiser (desde que tenha adquirido o título em mais de uma). O remaster também aprimora o visual e a trilha musical, o que já era esperado; na época já era legal, mas agora está mais bonito do que nunca e não faz feio, mesmo após quase duas décadas de existência.
Quanto à parte mecânica, a versão remasterizada não altera nada do gameplay e existem alguns fatores que podem incomodar algumas pessoas, como a lentidão de certas classes ou a dificuldade de se adaptar ao gameplay com os quatro personagens (caso esteja jogando sozinho). Ao meu ver, nada disso tira o brilho do jogo e o seu fator replay é altíssimo, então continua sendo um excelente game para jogar e rejogar até cansar.
Se você nunca jogou Crystal Chronicles e tem vontade de experimentar, recomendo jogar com amigos para tornar a experiência mil vezes melhor. Se você chegou a jogar no GameCube e já está acostumado a jogá-lo sozinho, pode ir sem medo.