O gênero da estratégia em tempo real (RTS) está bem longe de ser um dos mais populares nesta era moderna dos games – o que é bem triste, para quem cresceu jogando jogos como Warcraft e Starcraft no seu PC branco (amarelado pelo tempo) com monitor de tubo. Acho que realmente faltam estúdios ousados o bastante para tentar atrair um novo público com um gameplay mais acessível, mas felizmente a Microids está disposta a tentar.
Empire of the Ants é um jogo surpreendente por si só. Basta ver um trailer dele para ficar impressionado, pois parece mais um documentário do que um jogo. Este é, na verdade, um remake de um RTS lançado em 2001, que por sua vez foi inspirado no livro ‘As Formigas’ de Bernard Werber. Além da temática super interessante, ele ainda consegue um feito e tanto, servindo com uma excelente porta de entrada para novatos ao gênero.
Na natureza selvagem
Como o próprio nome entrega, Empire of the Ants é um jogo sobre construir um império em meio a vastidão da natureza – tudo isso na pele de formigas. Você controla uma mísera formiguinha chamada apenas de 103.683º (seu número na colônia em que nasceu) e recebe a árdua missão de expandir o território do formigueiro, fazer alianças com outros insetos e derrotar criaturas nefastas.

Logo de cara, o que realmente vai chamar sua atenção aqui são os gráficos. Empire of the Ants é um verdadeiro deleite para os olhos! O visual segue um estilo realista de altíssima qualidade e não falha em transmitir a sensação de que você realmente é uma criatura pequenininha em um mundo gigantesco. Muito além das suas qualidades como jogo, esse título também é um convite para apreciarmos de perto a beleza da natureza.
A trilha musical também foi um grande acerto, casando perfeitamente com a proposta. Aqui temos músicas orquestrais que não falham em transmitir aquela sensação de grandiosidade. Acho que esse é um detalhe elementar para ajudar o jogador a “entrar no personagem”; você é uma formiga que sozinha pode ser indefesa, mas com seu exército se torna tão imponente quanto tudo ao seu redor – e nada melhor que músicas épicas para ilustrar isso!

Empire of the Ants conta com uma campanha singleplayer com cerca de 20 horas de conteúdo, além de outros modos multiplayer para enfrentar seus amigos (se você conhecer alguém mais louco que você para jogar um RTS em 2025). Neste review, focaremos no modo história.
O poder das operárias
Existem poucos RTS modernos que têm o privilégio de trazer um gameplay acessível em consoles de mesa. Desde os primórdios, o gênero sempre foi pesando para os inúmeros botões de um teclado e a praticidade de um mouse. Empire of the Ants consegue converter toda essa complexidade em um layout de botões realmente acessível, um fator que o torna muito mais agradável de jogar.
Imagine este jogo como uma espécie de Pikmin realista. Quem jogou o RTS da Nintendo sabe que é bem fácil controlar Olimar e seu exército; apesar de ser uma comparação um tanto “forçada”, não pude deixar de pensar em Pikmin quando estava controlando as formigas. Quase tudo funciona suficientemente bem, sem a necessidade de realizar uma sequência de botões exageradamente longa para ações simples (salvo algumas exceções, mas faz parte).

Neste jogo, você começa com um singelo exército formado apenas por operárias comuns, mas conforme ganha experiência, pode desbloquear novas classes para as formigas e até insetos inéditos. Suas tropas não serão formadas apenas pela sua espécie e cada categoria de criatura possui suas próprias habilidades. É praticamente um mundo novo a ser descoberto!
Apesar de não trazer um mapa inteiramente aberto, teremos o mínimo de liberdade para explorar um grande jardim, visando expandir seu território. Durante a noite, o objetivo é investigar outras espécies de insetos para descobrir mais sobre seus possíveis aliados ou inimigos. Já de dia, é hora de partir para o ataque!
As batalhas são brutais, mesmo detendo a vantagem numérica. Prepare-se para ver muitos soldados sendo esmagados e desmembrados por criaturas maiores – especialmente as aranhas, que representam uma ameaça máxima nesse mundo. Esse é um fator que pode soar complicado para novatos, pois mesmo com os controles acessíveis, ainda pode ser bem difícil se situar no caos das batalhas.

O nível de desafio do jogo é justo para veteranos no gênero, mas é inevitável que jogadores de primeira viagem se sintam perdidos no meio da administração das tropas. Além do mais, muitas missões do modo história não colaboram muito, sendo exageradamente longas e com saltos de dificuldade pouco balanceados. Ainda assim, não deixa de ser uma aventura memorável!
Empire of the Ants foi uma agradável surpresa. Ele é muito mais que um “rostinho bonito” – é uma porta de entrada para o belíssimo mundo das pequenas criaturas que vivem logo abaixo de nós. É incrível como essa temática de insetos se encaixa bem com o gênero RTS e é justamente por isso que acredito que todos deveriam dar uma chance a este título. A ascensão deste império depende unicamente da sua curiosidade!