Decarnation foi anunciado timidamente, e prometia trazer referências a jogos já consagrados do mundo de terror, principalmente Silent Hill, mas claro, sem deixar de trazer uma história original. E já adianto que a história é o ponto forte do jogo tanto quanto sua ambientação.
Por dentro da mente de Glória
A história de Decarnation oferece um começo brilhante ao apresentar aos jogadores a vida aparentemente normal de Glória, uma dançarina de cabaré que ama o que faz. No entanto, a trama rapidamente mergulha em desespero à medida que ela perde gradualmente tudo o que valoriza, sendo capturada e privada de sua liberdade.
Essa jornada desencadeia crises mentais e experiências cheias de ansiedade pelas quais os jogadores devem passar ao lado da protagonista. O jogo emprega imagens sutis, mas simbólicas ao explorar a psique de Gloria, retratando inimigos grotescos e distorcidos que refletem sua visão da realidade. Os ambientes nesses momentos são bizarros e intrincados, refletindo a memória distorcida de Gloria.
Embora o jogo não crie uma sensação alarmante de perigo, ele consegue transmitir o conceito de forma satisfatória e artística. A transição perfeita entre os dias no mundo real e a exploração da psique de Glória é impressionante, com o jogo utilizando métodos impactantes para transformar eventos cotidianos em experiências de pesadelo.
Decarnation é uma experiência envolvente e intensa, que mergulha profundamente na mente de sua protagonista, proporcionando momentos memoráveis ao longo da jornada.
Cadê o gameplay?
Decarnation deixa a desejar em termos de jogabilidade. Embora comece com um mini game de ritmo durante as performances de Glória, o jogo rapidamente se volta para os segmentos de horror psicológico, nos quais os jogadores precisam resolver puzzles para avançar. Há momentos em que fazemos mini games em interações simples, como vestir-se, fazer exercícios ou nadar, mas infelizmente esses segmentos parecem apenas uma tentativa de evitar que o jogo se pareça muito com uma visual novel. Além disso, os mini games de ritmo também deixam a desejar.
Além disso, mesmo os desafios mais difíceis são bastante simples, e falhar neles não tem consequências reais, o que tira a urgência e preocupação de fazer tudo certo na primeira tentativa. No entanto, o jogo se destaca quando se trata de seus puzzles. Embora não sejam particularmente desafiadores, cada um oferece algo criativo e interessante.
Ambientação perturbadora
Visualmente, Decarnation é impressionante. Os sprites e modelos em pixelart são detalhados e têm expressões faciais surpreendentemente emotivas. A direção de arte também merece elogios, com imagens grotescas e cenários perturbadores que causam uma sensação inquietante em quem está jogando. A trilha sonora apresenta várias faixas do renomado compositor Akira Yamaoka, conhecido por seu trabalho em Silent Hill. Essa combinação sonora contribui significativamente para causar uma experiência perturbadora do jogo.
Em resumo, Decarnation pode não impressionar em termos de jogabilidade, mas sua qualidade visual e atmosfera são de arrepiar. Os puzzles criativos proporcionam um aspecto positivo, enquanto a arte e a trilha sonora garantem uma imersão perturbadora.
Considerações finais
Apesar de alguns elementos de jogabilidade que não são muito úteis, Decarnation se destaca por ter uma campanha envolvente rodeada de mistério. A mensagem transmitida, tanto visualmente quanto narrativamente, é incrível, e o jogo também conta com várias referências excelentes. Se você é fã de terror psicológico e está em busca de algo único e interessante, recomendo dar uma chance a Decarnation.
Distribuidora: Atelier QDB
Desenvolvedora: Shiro Unlimited
Gênero: Terror psicológico
Disponível para: Nintendo Switch e PC
Data de lançamento inicial: 31 de maio de 2023