Durante a transição dos jogos 2D para o 3D, os anos 1990 foram palco de uma grande invasão de mascotes – eram tantos que você provavelmente nem se lembra de todos! Mario e Sonic eram os reis da popularidade, mas a variedade vai muito além do nicho Nintendo/Sega. Dentre a vastidão de personagens infantis que não chegaram a fazer um sucesso estrondoso, temos o simpático crocodilo Croc.
Croc fez sua estreia em 1997 – há quase 30 anos! Seu primeiro jogo foi lançado para PS1, Sega Saturn, PC e Game Boy Color. Depois disso, ele chegou a receber uma sequência em 1999, mas acabou ficando por isso mesmo. Croc nunca teve uma grande chance de brilhar nesse mercado altamente competitivo, mas isso não quer dizer que ele precisa ser esquecido! Croc: Legend of the Gobbos está de volta em sua melhor forma.
De cara nova
Em uma grata surpresa, a Argonaut Games anunciou seu retorno junto do seu maior clássico. O estúdio responsável por Croc fechou as portas em 2004, mas voltou à ativa 20 anos depois, em 2024. Croc: Legend of the Gobbos é um remaster do primeiro jogo do personagem, trazendo tudo que se pode esperar de um relançamento do gênero: gráficos aprimorados, jogabilidade atualizada e conteúdo de bastidores.

O jogo segue o mesmo formato de remaster visto pelos relançamentos da Aspyr, como Tomb Raider e Legacy of Kain: Soul Reaver. Os gráficos receberam texturas em alta definição e todo o jogo roda em 60 fps constantes, garantindo um novo grau de fluidez. O jogador ainda tem a liberdade de alterar para o visual antigo a qualquer momento com o simples apertar de um botão, além de poder ativar filtros que proporcionam um ar mais nostálgico.
Se tratando de um jogo de 1997, toda a jogabilidade girava em torno dos botões direcionais no clássico formato de tanque. Ainda é possível jogar dessa forma, mas também temos uma alternativa mais moderna, que utiliza o manete analógico para se movimentar. O resultado dispensa comentários, já que isso deixa a movimentação muito mais natural e fluida.

Por fim, a última adição foi um museu repleto de extras repleto de histórias de bastidores. Pessoalmente, esse é meu tipo de adição predileto em relançamentos do gênero, pois é sempre legal acompanhar como os jogos eram feitos no passado. Aqueles que não dispensam um bom e velho making of estarão bem servidos neste remaster.
Envelheceu bem?
Jogar Croc: Legend of the Gobbos hoje em dia é um grande misto de emoções. Além do fator nostálgico, o jogo continua divertido e inegavelmente tem seu charme, mas jogá-lo com novos olhos apenas reforça o quanto seu level design é arcaico.
A campanha é dividida em fases e, em cada uma, devemos encontrar seis Gobbos. De início, esse parece ser apenas um objetivo secundário e opcional, mas isso acaba sendo obrigatório para se obter o verdadeiro final do jogo. Contudo, as fases são 100% lineares, então a tarefa acaba sendo bem mais fácil do que aparenta.

Não há problema algum no fato do jogo ser linear, mas é fato que perto dos plataformas 3D mais abertos, ele se torna totalmente esquecível. Não há muito incentivo para explorar ou conhecer aquele mundo – você simplesmente inicia uma fase, anda para frente, pular por obstáculos e repete o processo até chegar no final.
Por conta disso, acredito que poucas pessoas se sentirão realmente motivadas a terminá-lo, caso não contem com a nostalgia do passado. A boa notícia é que as fases são bem curtinhas, então é possível terminar a campanha em poucas horas. Ainda assim, não deixa de ser um tipo de jogo direcionado especificamente para um público mais velho.
Croc certamente merece uma segunda chance e eu aceitaria de bom grado um remaster da sequência, mas espero que a Argonaut não pare por aí. O personagem pode acabar se beneficiando mais de um título totalmente inédito e adaptado para os moldes mais modernos do gênero. Resta torcer para que seu legado não acabe por aqui!