Após um acidente o deixar paralisado da cabeça para baixo, Robin Cavendish (Andrew Garfield) descobre que pode ter poucos meses de vida. Se recusando a viver no hospital, ele decide virar um defensor dos deficientes, junto com sua devota esposa, Diana (Claire Foy), ele viaja pelo mundo com a esperança de transformar as vidas de outras pessoas como ele.
Ao decorrer da história percebemos que Andy Serkis queria focar no casal lidando com as adversidades da poliomielite, os preconceitos da época (e até atuais) e a luta pela liberdade dos deficientes. Por isso o filme apresenta um início bastante apressado, sem muito tempo para o desenvolvimento do casal. Não é algo que incomoda, mas é perceptível a correria na narrativa. E quando a doença chega, temos uma mudança completa na trama, e principalmente na direção de arte, que deixa a fotografia cheia de planos abertos, colorida, com um toque até mágico, para ser substituída por cores escuras, salas fechadas e um céu bastante nublado, enquanto o protagonista aprende a aceitar sua condição.
Todo esse esmero na direção de arte não adiantaria se os protagonistas não estivessem a altura de seus personagens. E entre vários personagens carismáticos, com suas funções bem definidas dentro da trama, podemos destacar a dupla Andrew Garfield e Claire Foy. O ex-Homem-Aranha, Andrew Garfield, passou um trabalho de atuação extremamente desafiador, pois teve que passar suas emoções apenas com expressões faciais, olhares e uma voz fraca, bastante limitada por causa da doença, e mesmo assim ele consegue entregar um trabalho bem feito (sinto cheiro de Oscar? Não sei, mas talvez de uma indicação). Já seu par não fica atrás, Claire Foy, a rainha da série The Crow, traz uma personagem bastante determinada, que não se abala facilmente e sempre busca uma solução para os problemas.
Durante essa jornada de longos anos em que a história se passa, o filme não deixa o espectador perdido, nem mesmo apresenta tramas bobas para alongar a história desnecessariamente, um grande acerto de Masahiro Hirakubo (responsável pela edição) e do roteirista William Nicholson. Entretanto, se o roteiro consegue colocar uma série de situações para entreter o público e seguir a história, ele peca em trazer soluções rápidas e fáceis em vários momentos. Claro, pode não ser culpa do filme, já que ele é uma cinebiografia e precisa contar os fatos importantes sem enrolar por longas horas, mas um pouco de dificuldade em certas situações não seria problema.
Uma Razão Para Viver é uma excelente estreia de Andy Serkins na cadeira de diretor. Traz uma história real, bastante comovente e inspiradora, sabendo ser séria quando precisa e descontraída quando necessária. Andrew Garfield parece estar cada vez mais perto de um Oscar.
O filme estreia dia 16 de novembro de 2017.