No novo filme de Tata Amaral, Isabel (Marina Rui Barbosa), da classe média paulistana, é vitima de um sequestro relâmpago ao sair de um bar. Os dois inexperientes criminosos, Matheus e Japonês, (Sidney Santiago e Daniel Rocha respectivamente) percebem que não conseguirão chegar a um caixa eletrônico aberto antes das 22h e decidem ficar rodando em São Paulo com a jovem até o amanhecer, quando poderão voltar ao banco. A história é baseada em fatos reais e estará nos cinemas dia 22 de novembro.
Os personagens compõe um dos trios mais explorados na história do cinema: a vítima, o bom e o mau. Na primeiro momento do filme, até dar de cara com o último caixa fechado, se constrói a relação dos três com um clima de thriller, estabelecendo-se a dualidade de “bom e mau policial” entre os dois sequestradores, Matheus sendo o bom, enquanto Japonês é o mau, sendo imoral e gozando da sensação de poder que ele não conquista.
Na outra parte do filme, quando eles vão parar em um bar na periferia, a proposta do filme se modifica. Esgotados e impotentes, os sequestradores vêem as horas passar lentamente e começam a criar dificultosos laços com Isabel, que poderiam se estreitarem se não existisse o grande abismo social na construção dos jovens no país.
Livrando-se da obrigação de construir um filme de suspense, a narrativa se transforma, e o longa convenceria mais como um retrato social se os diálogos e a temática – de machismo, desigualdade social e vulnerabilidade da mulher – não fossem tratados de forma tão rasa. Os três se comportando como clichês, literalmente, ambulantes, as discussões que os personagens trazem são tão forçadas e superficiais que a jovem, em um momento, tenta provar que os três são iguais só porque comem glúten ou porque ela sabe jogar bilhar. Se tem alguma excessão, é Matheus, que é um personagem melhor estabelecido em suas complexidades; do resto, o longa não empolga.