Quando o primeiro filme de Creed saiu foi uma saudosa surpresa. Afinal, a tão emblemática franquia do Rocky já tava se tornando aquela coisa meio embaraçosa, difícil de justificar. O filho de Apolo veio para mostrar que, afinal, Balboa ainda tem muito a oferecer. Desde que, claro, na posição de mentor. Afinal, o protagonismo merece alguém novo, digno dos tempos atuais: Adonis. Que venha, então, Creed II.
Creed Vs. Drago
Diferente do primeiro Creed, onde vemos a jornada de iniciação do protagonista nos ringues, Creed II já começa com ele no topo. O foco aqui não é sua jornada nos ringues, mas fora dele. Isso dá ao personagem uma ótima oportunidade para se desenvolver, o que é devidamente aproveitado.
Por outro lado, isso é feito em sacrifício do ritmo do filme. Enquanto o primeiro longa consegue te manter preso do início ao fim, pode ser que os mais entusiastas por ação possam perder a atenção ali pelo segundo ato, que é bem mais parado e introspectivo. Isso não diminui o filme, de forma alguma! Mas adiciona tons de drama que talvez nem todos estejam preparados para ver.
O tempo fez bem aos vilões russos
Para mim, a maior surpresa é o núcleo russo da novela. Diferentemente de como o pai foi retratado em sua primeira aparição, tanto Viktor quanto o próprio Ivan já não são mais os típicos vilões russos frios e malvadões. Quer dizer, em alguns momentos eles até são maus sim, mas longe de serem frios.
Como disse Rocky, “aquele rapaz foi criado no ódio”. Isso é notável e, putz, como isso dói. Suas motivações são palpáveis, assim como suas desilusões. A conclusão do arco da família Drago, aliás, é tão forte quanto o de Creed. Por isso, se em algum momento eles parecerem duros demais, frios demais ou cruéis demais, olhe de novo. É quase como se eles não tivessem escolha.
Muito além do ringue
O filme promete um embate épico entre Creed Vs. Drago e, ao final, você não tenha dúvida de que ele te entrega isso. Mas não se engane: o filme não é sobre esse duelo. Em vez disso, Creed II se trata sobre todas as outras lutas que cada um precisou travar antes de subir naquele ringue. O confronto entre os dois é uma consequência de suas jornadas.
Creed II não tem o mesmo ritmo do primeiro, mas certamente está a altura da franquia. Espero que tenhamos muito mais Creed (e Drago!) no futuro.