Covil de Ladrões é o primeiro filme dirigido pelo roteirista Christian Gudegast, e, surpreendentemente, sua primeira falha é no roteiro. O longa conta a história de uma equipe de assaltantes profissionais ex-militares em Los Angeles que planejam, pela primeira vez, o roubo (lá vai uma premissa bem original) do maior banco localizado no centro da cidade, trabalho que nunca ninguém conseguiu realizar. Do outro lado, vemos o policial-fora-da-lei “Big Nick” (Gerard Butler) com sua equipe fazendo operações ilegais para descobrirem e impedirem o assalto que está por acontecer. Essa historia de perseguição gato e rato tem como objetivo em primeiro plano nos mostrar que as linhas em que agem policias e bandidos, com suas éticas, moralidades, justiças e impunidades, são embaralhadas e turvas, porém não é isso que acontece.
Tem uma frase no começo do filme que determina basicamente tudo o que podemos esperar da narrativa, inclusive a premissa que acaba de ser citada. Em certo ponto do filme, Big Nick sequestra o criminoso Donnie Wilson (O’Shea Jackson Jr.) que trabalha como barman. Após ameaçá-lo verbal e fisicamente, o policial solta a seguinte frase: “you’re not the bad guys, we are” (você não é o cara mal, nós que somos). Essa frase deixa claro três coisas: o filme vai seguir essa linha com diálogos expositivos, revelando, inclusive, qual a sua premissa prevalecente – que inclusive vai falhar; o filme vai sempre encerrar um diálogo ou cena com uma frase de efeito impactante clichê; consequentemente, filme apresenta um conjunto de personagens mal construídos em estereótipos.
Primeiramente, os diálogos expositivos são problemáticos (não só pelo motivo óbvio, claro) porque se o roteiro consegue prevalecer em algum momento ao mostrar algum acontecimento que eles haviam omitidos anteriormente, os diálogos logo de cara vão te explicar o que aconteceu, certificando-se de que você não perdeu nada. Segundo, quando a perseguição entre os dois grupos é bem construída, – mesmo porque existe momento que ela é, sendo esse o ponto forte do filme, o estabelecimento da tensão em cenas de pré-ação e ação entre os dois grupos – é finalizada com uma frase impactante, cortando totalmente a verossimilhança que o filme conseguiu construir com a realidade. E terceiro, todos os personagens estereotipados em filmes de ação superficiais estão lá: o policial carrasco que não liga para sua saúde ou a dos outros, só para da sua família (depois que a perde), o bandido bom-cara que colabora com a polícia, o bandido “barra pesada” que não tem medo de encarar seus inimigos, a representação da mulher em dois estereótipos: ou de boa mãe ou de puta (inclusive o filme é machista ao extremo em suas representações de personagem) e, por fim, uma boa dose de capangas coadjuvantes.
Além disso, “Covil de Ladrões” as vezes é implausível, em que o maior banco da cidade não tem a segurança necessária desde as cenas do empregador do delivery, até em cenas de questões de segurança com câmeras. O filme tem tempo mais longo que o necessário para contar o pretendido, existem cena totalmente desnecessárias que vão de lugar nenhum e chegam a nada. Alias, algumas dessas cenas, só exibem um machismo estagnado e, duplamente, não fazem sentido estarem contidas no filme. A presença de cenas que levanta o questionamento do público é constante: “mas por que ele está agindo dessa maneira?” ou “por que ele não termina logo com isso de uma vez?” são frases que podemos nos pegar pensando enquanto vemos o filme. Por fim, nos prendemos à algumas cenas de ações que são bem construídas, porém é só isso, nem de longe chega a salvar a obra como um todo.