Bumblebee é o sexto filme da franquia Transformers, que se iniciou com o filme homônimo em 2007, sendo, também um spin-off e, de certa forma, um soft reboot. A direção é de Travis Knight (Kubo e as Cordas Mágicas) que, em seu primeiro live action, entende o que faz um bom filme ou desenho de Transformers, SPOILER: não é o uso excessivo de CGI e explosões.
A história começa no ano de 1987, Bumblebee é um refugiado na Terra e tem a tarefa de montar uma base para os demais Autobots que virão. Disfarçado de fusca, é encontrado por Charlie Watson (Hailee Steinfeld), uma jovem que é apaixonada por carros e mecânica em geral, nascendo, assim, uma amizade entre os dois. Steinfeld, que, apesar de jovem, não é uma novata, trabalha muito bem, como de costume. Além de Charlie, vale destacar Memo (Jorge Lendebor Jr.), seu vizinho, e o agente Burns (John Cena), que é um personagem militar genérico, ainda que tenha algumas piadinhas e momentos interessantes.
A história tem uma escala pequena, sem jogar as expectativas para o alto com exageros, o que, depois dos outros cinco filmes, merece muitos elogios. Uma narrativa contida e focada em pequenos momentos funciona muito bem, tornando os relacionamentos entre os personagens muito críveis. Há alguns momentos emocionantes, o que já é mais do que nos demais combinados. Além disso, as cenas de ação são muito bem dirigidas, pode-se visualizar o que acontece, não há o uso de cortes muito rápidos e excessivos, novamente ponto positivo para o diretor.
A caracterização dos personagens e a ambientação oitentista são muito bem feitas, através de músicas, pôsteres, filmes, roupas e decorações, por ser uma década lembrada com muito carinho, o espectador sente-se confortável com o universo criado. Inicialmente, as músicas são utilizadas para externalizar os sentimentos dos personagens, o que, em excesso, incomoda, entretanto, o roteiro encontra uma solução muito interessante para isso. Há um excesso de diálogos expositivos, no entanto, o cansaço da exposição é mitigado porque as cenas “fazem sentido”, como, por exemplo, Charlie explicar o que aconteceu com seu pai para o Bumblebee, que desconhece a informação.
Há um excesso de clichês – não tenho problemas com o uso, mas deve ser dosado – e de inconsistências narrativas, como o motonete que a Charlie utiliza que aparece e desaparece de acordo com a conveniência do roteiro. Novamente, os robôs são muito bem feitos, isso é inegável, entretanto, o peso e tamanho deles varia de acordo com a cena, em um dado momento, Bumblebee e Charlie se abraçam, a câmera fecha e temos as cabeças lado a lado, praticamento do mesmo tamanho, um corte depois e Bumblebee praticamente duplica de tamanho.
Bumblebee é leve, tem um humor que às vezes funciona, cenas de ação bem dirigidas e coerentes, é extremamente divertido e injeta novo gás na franquia. Ainda que o roteiro não seja imaginativo, possua inconsistências e caia em recursos genéricos e clichês, é o mais divertido e melhor filme da saga até aqui. Quem diria que um bom diretor faria um bom filme…