Qualquer jogo com o selo da Square Enix sempre é uma caixinha de surpresas. Ao mesmo tempo que é um dos maiores nomes da indústria de games, dona de franquias importantíssimas como Final Fantasy, Dragon Quest, Tomb Raider e Hitman, vez ou outra pinta algum jogo de um de seus estúdios menores que ofende todo o seu legado. Em 2018 tivemos o desastroso The Quiet Man e em 2021 chegou a vez de Balan Wonderworld “brilhar”.
Com uma proposta 100% infantil, o jogo prometia ser um dos títulos mais divertidinhos do ano, afinal quem está por trás do projeto é a dupla Yuji Naka e Naoto Ohshima, ninguém mais ninguém menos que os co-criadores do Sonic. Ninguém tinha grandes expectativas quanto a este jogo, mas ao menos todos esperavam que ele seria minimamente decente e jogável… e foi aí que quebramos a cara novamente.
Um verdadeiro pesadelo
Tudo já começa errado na história, que é simplesmente incompreensível em cada aspecto possível. Os personagens falam uma língua própria, mas o jogo é escasso de diálogos, então não espere que suas conversas expliquem alguma coisa. Você pode escolher jogar com um garotinho ou uma garotinha (cada um oferecendo uma variedade de quatro cores diferentes de cabelo, uau) e o resto pouco importa porque nada faz sentido aqui.
Temos uma cutscene inicial que mostra nosso personagem entrando em um mundo de sonhos e fantasia após encontrar essa criatura estranha chamada Balan. A decepção é imediata se já levarmos em consideração que o CG dessa cena é bem maneiro e quando o jogo começa temos gráficos tão ultrapassados e sem graça que beiram algo da geração PS3/Xbox 360. Será que nem mesmo o PS5 e Xbox Series conseguem rodar o jogo com os gráficos do CG, só para variar?
O jogo nos transporta para uma espécie de lobby e lá podemos selecionar a fase que jogaremos. Ao todo são 12 mundos com duas fases cada (e uma secreta em cada um, que só fica disponível após a conclusão da história), todos tentando imitar uma espécie de peça de teatro e com cutscenes ainda mais sem sentido envolvendo monstros, catástrofes naturais, golfinhos e fazendeiros.
Só o fato do jogo ter um lobby já é algo irrelevante, principalmente porque tudo que está lá não serve para nada. Temos alguns bichinhos fofinhos que nos acompanham nas fases e também aparecem lá, só que aqui eles ficam girando uma roda estranha e acumulando pontos – esses que são usados para construir uma espécie de torre que, adivinhem: também não serve para nada. Para completar o ciclo de perda de tempo, esses pontos só podem ser adquiridos quando estamos no lobby e você nem sequer precisa fazer nada, ou seja, você tem que deixar seu personagem parado eternamente enquanto os pontos caem lentamente. É como tentar alcançar o vento!
Desfile desastroso
Quando o jogo poderia melhorar, ele afunda ainda mais. As fases oferecem pequenos desafios de plataforma extremamente monótonos que se baseiam na ideia de usar roupas para adquirir habilidades. São mais de 80 roupas e cada uma nos garante um poder diferente, desde um ataque elétrico até se transformar em uma caixa (seja lá qual for a utilidade disso). Geralmente as fases oferecem desafios diferentes de acordo com as roupas que encontramos nelas, mas tudo é tão chato e simplório que pouco importa essa variedade de dezenas de fantasias, nada consegue deixar Balan Wonderworld divertido.
Para quem achava que não dá para piorar, calma que dá sim. Por alguma razão os desenvolvedores resolveram economizar nas mecânicas e o jogo é jogável com o apertar de um único botão. Além dos direcionais que são usados para se movimentar e o L1 e R1, que servem para mudar de roupa, todos os outros botões fazem a mesma coisa e isso é péssimo! Se você não estiver fantasiado, todos os botões pulam, se estiver com alguma roupa, o pulo ganha outro atributo.
Essa limitação nos seus movimentos foi um completo tiro no pé, pois eu realmente acredito que se os poderes de cada roupa oferecessem uma variedade maior de ações, o jogo poderia ser um pouquinho melhor e as fases conseguiriam até ser mais empolgantes. Até os menus foram prejudicados nessa história, pois ao invés de você simplesmente apertar um botão para retornar, precisa ir até a opção de “voltar” para conseguir esse feito, já que todos os botões fazem a mesma coisa.
Dito tudo isso, acho que já ficou bem claro que Balan Wonderworld conseguiu falhar em praticamente cada aspecto possível e não conseguiu se sustentar somente com seu charme de bonequinhos fofinhos. Até como jogo infantil ele deixa a desejar, já que provavelmente nenhuma criança vai conseguir se manter interessada nele por mais de 30 minutos. É uma pena.