Queremos agradecer a Ubisoft por nos enviar o jogo Assassin’s Creed Valhalla para análise.
A Volta dos Assassinos
A campanha de Valhalla se desenvolve a medida que vamos conseguindo apoio para o nosso assentamento. Pois para conseguir aliados devemos realizar favores, e nesse caminho vamos conhecendo várias personagens marcantes e figuras históricas como alguns dos filhos de Ragnar — que é meio estranhos ver eles aqui para quem tem as imagens da série Vikings — e outros, que talvez vai acabar se tornando um festival de spoilers para quem acompanha Vikings, como foi meu caso.
A trama mais mitológica já aparece nas primeiras horas do jogo, onde temos a presença até mesmo do poderoso Thor, e descobrimos que Odin quer ao máximo evitar o Ragnarok. Já a trama dos assassinos faz parecer que irá se desenvolver desde o início do jogo, mas é deixada de lado para dar espaço a outros eventos e voltar mais tarde.
A trama é bem construída, mas não apresenta personagens tão marcantes quanto foram mostrados em Odyssey… saudades da Kassandra.
Ponto a ser elogiado é a dublagem dos personagens secundários, se em Odyssey tínhamos vozes de escolhas duvidosas para alguns deles, aqui em Valhalla isso raramente aparece. Já os personagens principais, suas vozes estão espetaculares, algumas até melhores que as originais… não citarei nomes para evitar spoilers, mas gosto mais das dois Eivors dublados em português do que em inglês.
Equilíbrio Perfeito
Desde seu soft-reboot em Assassin’s Creed Origins, a franquia buscou se atualizar no que se refere a jogabilidade e também relacionado a sua campanha. E Valhalla ainda segue o mesmo esquema de Origins e Odyssey, mas a boa notícia é que ele também trás elementos dos jogos mais clássicos da franquia!
Em Odyssey tínhamos uma jogabilidade semelhante a The Witcher 3 e outros RPGs de mundo aberto. Já Valhalla faz uma gostosa gororoba de vários outros jogos e mesmo com o risco de se tornar um Odyssey 2.0 ele não faz isso, na verdade ele é completamente oposto ao seu antecessor. Sim, ainda temos os elementos de RPG na sua progressão de personagem, passamos de níveis, ganhamos pontos para distribuir em uma árvore de habilidades, mas tudo aqui é mais controlado, principalmente em seu combate.
Eivor não vai carregar trocentas partes de armaduras e armas, pois o jogo não oferece tanta opção assim, e isso é bom pois podemos evoluir nossas peças e armas sem medo de logo elas estarem obsoletas. Os itens não são restritos por nível, podemos muito bem usar qualquer arma e peças de roupa a qualquer momento.
Já o combate é mais cadenciado, mesmo jogando no normal você não pode simplesmente arranjar brigar com qualquer inimigo, existem cavaleiros que mesmo com um nível de combate adequado ao de Eivor, ele vai te trazer problemas se você não souber o momento certo para atacar e defender, algo bem parecido com os jogos da franquia Dark Souls, mas claro, sem a dificuldade extrema.
Tivemos a perda das épicas batalhas navais que víamos bastante em seu antecessor, mas o universo de Valhalla é tão bem construído que não sentimos falta desses combates navais. Aqui ainda navegamos, mas apenas para nos locomover pelos rios e iniciar as incursões para roubar dinheiro, objetos e outras especiarias para evoluir nosso assentamento.
Em Odyssey muito se falava que não era um Assassin’s Creed, e convenhamos, muitos elementos passam despercebidos já que o título foca mais em alguns artefatos do que nos grupos de assassinos e templários (pois ainda não existiam naquela época). Já em Valhalla, elementos que víamos nos primeiros jogos da franquia retornam com uma carga nostálgica e satisfatória já nos primeiros momentos do jogo, o salto da fé volta a fazer sentido, temos uma lâmina oculta que mata inimigos silenciosamente e em um hit, além de claro poder nos misturar com pessoas na cidade, seja sentar em uma mesa, andar ao lado de um bêbado, se misturar com um grupo de missionários (algo que me lembrou do primeiro Assassin’s Creed), entre outros.
Talvez você deva estar achando estranho a lâmina oculta matar em um hit se estamos falando de um jogo de RPG, mas ela funciona assim: grande parte dos inimigos vão morrer se forem pegos pelas costas, ou outros tipos de ataque surpresa, entretanto existem aquelas mais fortes que vestem armaduras mais pesadas, nesse caso é necessário acabar com essa armadura ou ir aprimorando sua lâmina na árvore de habilidades.
Mais Brutal!
Assassin’s Creed, se você parar para pensar, sempre foi uma franquia de mortes violentas, afinal o protagonista mata seus inimigos com armas brancas (as vezes com armas de fogo em jogos que se passam em temos mais recentes), que deveria causar desmembramentos, muito sangue e outras coisas mais gore, e Valhalla traz muito isso, não é difícil ver Eivor decapitando seus oponentes ou desmembrando-os seja por armas ou bombas.
Sua trama também é mais pesada, se em Odyssey tínhamos certas doses de comédia, Valhalla se apresenta como um título mais sério. Muito disso vai do protagonista, que não deixa tempo para piadas ou sarcasmos, diferente de Kassandra que já no início de seu jogo colocava o olho de vidro do Ciclope no cú de uma cabra… Ah, Kassandra, como não amar essa mulher! Já a Eivor, bem, vamos aprender a gostar dela com o tempo… ou dele, depende de como você escolhe jogar, pois mais uma vez a Ubisoft não teve coragem de decidir sobre o gênero dele ou dela.
Um Vasto Mapa
Quando falaram que Valhalla teria um mapa maior que o de Odyssey eu fiquei surpreso, seria legal poder explorar várias regiões, mas seria decepcionante se todo lugar fosse igual ao outro como vimos em Odyssey. Entretanto isso não acontece, cada região possui suas características própria, como na Noruega que se destaca por suas montanhas nevadas, e o vasto mapa da Europa recheado com uma natureza diversificada e elementos diferenciados relacionados a vegetação, clima e arquitetura.
O jogo te incentiva a explorar, já que só assim conseguimos desbloquear novas habilidades. Diferente de seu antecessor, não desbloqueamos novos golpes ao evoluir, mas sim quando encontramos livros que nos ensinam a usa-los e isso é uma boa ideia, dando a entender que estamos aprendendo um novo golpe que nosso personagem não conhecia, ao invés de parecer que fomos iluminados pela luz do conhecimento depois de matar inimigos aleatoriamente.
Quando exploramos também encontramos itens raros para equipar em Eivor, e encontramos missões de mundo, que devem ser realizas naquele momento caso o contrário ficarão perdidas. Valhalla incentiva a exploração, e seus gráficos bonitos fazem com que apreciamos cada detalhe!
Também existem outras tarefas mais secundárias que podemos realizar, como o repente, um duelo de rimas que nos dá mais pontos de carisma ao vencer os duelos, temos mini-games de bebedeira, onde podemos deixar Eivor bêbada e afetar suas habilidades, jogos de dados, pescaria, além de poder evoluir os atributos dos cavalos podendo fazer eles correrem mais rápidos e nadar para atravessar lagos e rios.
Falei de gráficos e como não falaria? Jogar esse título numa RTX é incrível, e espero que em breve vários jogadores e jogadoras possam ter essa experiência. Não falo somente de reflexos, sendo honesto isso é o de menos e é algo que tem que ser melhorado aqui, mas falo da iluminação! Cada virada de câmera pode se tornar uma bela foto, e não vai ser difícil você passar horas explorando a esmo e tirar várias fotos enquanto o Sol está se pondo.
Infelizmente o PlayStation 4 (outra plataforma que tivemos a oportunidade de testar o jogo) apresenta certas limitações gráficas e até mesmo de desempenho, em certos momentos o fps caia bastante, e ai usar a Visão de Odin o mapa ao redor se tornava bastante pixelizado, entretanto o jogo vai conseguir se sustentar sem esses avanços gráficos mais atuais.
Considerações Finais
Assassin’s Creed Valhalla conseguiu trazer os elementos dessa nova fase da franquia que vimos nascer em Origins e misturá-las com o que conhecíamos de seus primórdios. Quando eu me misturei com os missionários que caminhavam pela praça, matei meu alvo e voltei para o grupo sem ser notado, pensei “Nossa, que saudade de Assassin’s Creed”. Por isso acredito que esse título vai agradar tanto que conheceu os jogos da série a partir do Orgins e Odyssey, tanto quem jogou seus primeiros títulos e parou de acompanhar posteriormente.
Existem alguns bugs gráficos na versão de PC, mas nada que vá realmente estragar sua experiência com essa obra de arte lapidada pela Ubisoft!
Na boa, esse jogo tá lindo de mais!
Distribuidora: Ubisoft
Desenvolvedor: Ubisoft Montreal
Gênero: RPG e ação
Disponível para: PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5, Xbox Series e PCs.
Data de lançamento inicial: 10 de novembro de 2020