Alien: Romulus resgata a natureza assustadora da franquia Alien através de uma perspectiva brilhante do diretor Fede Álvarez, que imprime sinistramente todas as grandes características que se esperaria de um filme desse segmento. Mesmo assim, o cineasta não se esforça muito para reinventar, mas prefere adicionar o seu toque pessoal a uma história de terror clássica, com uma dose de loucura, sangue e desespero.
Utilizando uma narrativa visual e sonora verdadeiramente imersiva, Alien: Romulus se apega facilmente à nostalgia e ao fan-service, porém não muito exagerado, só o suficiente para agregar valor à história que já é conhecida. Isso é somado a um roteiro inteligente que faz do filme uma peça sólida e efetivamente atraente.
Tentando provar o seu valor na qualidade em tempo de tela, Alien: Romulus peca sutilmente em seu ritmo com os dois primeiros atos mais indolentes, mas gloriosamente recompensado através do terceiro ato absurdamente selvagem e repleto de reviravoltas, que vai fazer qualquer um e principalmente os fãs mais devotos da franquia enlouquecerem.
Essa falha no ritmo nos dois primeiros atos atinge potencialmente o roteiro, resultando em uma falha grave por não conseguir aproveitar e desenvolver adequadamente o elenco promissor do filme. Com exceção dos atores Cailee Spaeny, que interpreta Rain, e David Jonsson, que interpreta o androide Andy, que brilham e dominam todo o filme; todos os demais colegas de elenco, como Archie Renaux (Tyler), Spike Fearn (Bjorn), Aileen Wu (Navarro) e Isabela Merced, tem seus personagens praticamente desperdiçados nos momentos mais importantes da trama.
Inclusive, esse é o primeiro filme da franquia Alien que utiliza apenas atores/personagens mais jovens em seu elenco principal.
Para entender melhor como funciona a ordem cronológica, Alien: Romulus se passa entre o filme original Alien (1979), de Ridley Scott, e a sequência Aliens: O Resgate (1986), de James Cameron. Apesar disso, o lançamento é completamente independente e não faz referências aos protagonistas dos filmes originais, mesmo que estejam canonicamente conectados.
No filme, enquanto exploram as profundezas de uma estação espacial abandonada, um grupo de jovens colonizadores espaciais se depara com a forma de vida mais aterrorizante do universo. A exploração, que viria a ser a chance de uma vida melhor em outro planeta, acaba se tornando uma luta brutal pela sobrevivência.
Alien: Romulus se sustenta fortemente em suas origens de terror para criar uma viagem atmosférica de emoção implacável e visceral. Com passos lentos, mas longe de ser inteiramente desagradável, o filme aumenta em intensidade até que você fica sem fôlego no final. No geral, é um trabalho cuidadoso e instigante, ao mesmo tempo que é assustador. Desprovido de qualquer profundidade temática, o novo filme ainda é formulado no molde clássico da franquia, e incorpora momentos de fan-service do que em tentar fornecer algo novo ou profundo. Isso culmina no mau aproveitamento de tempo e de seu elenco. A sensação que fica é que tudo isso poderia ter sido ainda mais aterrorizante, emblemático e interessante.
Ainda assim, as performances fundamentadas de Cailee Spaeny e David Jonsson fornecem peso emocional suficiente para manter o público envolvido. Definitivamente, é o filme que melhor funciona em todo o seu escopo, levando em consideração todos os seis filmes já lançados sobre o Xenoformo mais letal do universo.
Dirigido por Fede Álvarez, A Morte do Demônio (2013) e Millenium: A Garota na Teia de Aranha (2018), e com a produção de Ridley Scott, Alien: Romulus chega aos cinemas em 15 de agosto.