Suspense e terror são gêneros sempre muito visados. Com um público sempre muito fiel e assertivo, porém uma grande complexidade do gênero é prender o telespectador dentro da trama e trazer esses momentos de tensão e agonia. É um gênero muitas vezes repetitivo e cansativo. Pontuais são as referências realmente exemplares que temos recebido atualmente.
É exatamente isso que acontece com o filme “A maldição do espelho”, um suspense/terror Russo. Roteiro de Maria Ogneva e direção de Aleksandr Domogarov. O filme conta a história de dois irmãos que passam a morar juntos em um internato escolar, localizado em uma antiga mansão com históricos de violência e catástrofes. Em uma brincadeira adolescente eles invocam o espírito antigo da rainha de copas em troca da realização de seus desejos mais profundos.
O filme possui um roteiro óbvio e nada original, com símbolos e personagens clichês. O clichê não é necessariamente ruim, muitas vezes é funcional, afinal é clichê por um motivo. Mas exatamente essa falta de originalidade que muitas vezes prejudica o gênero. Assistir mais do mesmo é cansativo.
Apesar de ter elementos interessantes para o desenvolvimento de um filme de suspense, não é um bom filme de terror. Seus elementos gráficos não assustam, muito pelo contrário, podem afastar o espectador da trama e até mesmo beirar o caricato.
Já o trabalho do fotógrafo e do diretor de arte do filme quanto a criação de uma atmosfera de suspense é realmente exemplar. As locações são imponentes e assustadoras. Os jogos com os espelhos e plásticos espalhados pela mansão dão realmente um ar de mistério e claustrofobia. As movimentações de câmera são dinâmicas e cumprem facilmente seu papel de prender e muitas vezes assustar o espectador. A trilha é funcional e complementar. É um filme que trabalha pouco com os silêncios, mas apesar de ser extremamente preenchido, o som em parceria com a fotografia dão essa intensidade para a ação dos personagens.
Os personagens do filme são rasos. Não existe uma grande oportunidade de identificação e complexidade por trás deles. Suas vontades são aparentemente impulsivas e sem uma grande lógica do porque daquilo. É como se fossem objetos secundários da trama, sendo que na realidade são eles os principais movedores.
É um filme ok se visto pelos aspectos técnicos. Mas se você espera um plot twist de arrepiar e um roteiro original e diferente, talvez esse filme não seja para você. No mais acho válido conhecer, coisas novas sempre são oportunidades e referências.