Fernanda Castro se descreve como um “bicho de toca” bastante sociável quando está com seus leitores, e durante a Bienal do Livro de São Paulo, ela reservou um tempinho entre seus vários compromissos e participações para falar com o Portal do Nerd sobre Mariposa Vermelha (Editora Suma de Letras).
Tivemos o prazer de conhecer a mente brilhante dessa escritora, crescida no Recife (PE) e apaixonada por novela brasileira. Já publicou obras como O Fantasma de Cora (Editora Gutenberg) e Lágrimas de Carne (Editora Dame Blanche).
O trabalho como escritora possui alguma receita de sucesso ou cada livro é um desafio diferente?
Cada livro escrito por Fernanda Castro possui um processo diferente para ser escrito e criado. Mariposa Vermelha, por exemplo, nasceu a partir de todos os sentimentos que a pandemia trouxe pelo sofrimento do mundo, substituindo uma outra história feliz e otimista que estava em produção, mas que foi pausada pela situação do momento. A partir da ideia de um mundo injusto, com uma protagonista vilanesca, com seus defeitos e raivas, Fernanda trouxe todos esses elementos através de sua criatividade para a fantasia e seguindo a construção de mundo com demônios, que estava ainda em ebulição por conta de um outro conto escrito por ela.
Como o mundo ao redor e as referências contribuem ou fazem parte das suas obras?
A autora comentou que é impossível ela dizer que não influenciam, pois acaba sendo um liquidificador de ideias abastecido com tudo aquilo que nós consumimos, até mesmo inconsciente e em alguns casos tendo seu trabalho complementado com as referências que os leitores possuem. Além de livros e séries, Fernanda confessou ser uma grande fã de novela brasileira. Esse formato único e com a nossa cara deveria ser mais valorizado, pois as novelas também fizeram parte da sua formação como escritora e contribuem para o seu trabalho.
A capa de Mariposa Vermelha é maravilhosa! Como você trabalha as edições das suas obras?
É um processo diferente para cada obra e editora. No caso específico de Mariposa Vermelha, a história que a autora gostaria de escrever foi feita e a editora ficou responsável pela maneira como a edição seria trabalhada. No entanto, muitas reuniões foram feitas, com participação de Marcelo Ferroni (ganhador do Prêmio Jabuti com Corpos Secos), e o departamento responsável pela arte solicitou apoio com referências para a construção da arte de capa. Levando em conta o material criado por Fernanda e atendendo ao pedido em ter a ilustradora Joana Fraga na arte da capa, pelo estilo e espírito que ela buscava, Mariposa Vermelha seguiu com a segunda versão criada. Ou seja, a autora acredita nessa mistura, em que o livro é pensado enquanto arte e como produto também, mas que nem sempre tem a participação do autor para a decisão final.
O que podemos esperar do seu trabalho para o futuro? Alguma novidade pela frente?
Se na pandemia os sentimentos negativos fizeram parte da construção de Mariposa Vermelha, neste momento a autora está trabalhando em uma nova história, mas dessa vez buscando desacelerar seu ritmo pelo bombardeio de conteúdo no dia a dia, trabalhando em um livro lento e num processo de escrita lento também. Enquanto isso, ainda em 2024 talvez tenhamos um anúncio de um outro trabalho em colaboração com um outro autor nacional, mas que ainda não podemos revelar muitos detalhes.