Rick Riordan retorna ao universo de Percy Jackson e os Olimpianos com “A Fúria da Deusa Tríplice“, um livro que continua o tom mais maduro, sem perder a leveza característica do autor, ao mesmo tempo em que mistura ação, humor e coração na medida certa. Publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, a segunda etapa da nova trilogia explora Hécate, a deusa da bruxaria e necromancia.
Depois de recuperar o Cálice de Ganimedes, o copeiro de Zeus, e ganhar sua primeira carta de recomendação que ele precisa para a comprovação de que pagou sua dívida de existência ao Conselho da Faculdade Nova Roma, em O Cálice dos Deuses, nesta segunda parte da nova trilogia, Percy, Annabeth e Grover enfrentam ameaças de outro mundo e questões emocionais que exploram os conflitos internos de cada um.
Se no primeiro volume tínhamos uma temática sobre o envelhecer e o crescimento dos heróis, que finalmente podem sonhar com a faculdade e sua sobrevivência como semideuses, em A Fúria da Deusa Tríplice, Rick Riordan vai tratar sobre os fantasmas em suas várias interpretações e nossas ligações com o passado.
Para isso, nada melhor do que iniciar essa jornada uma semana antes do Dia das Bruxas, em que Hécate pede para Percy cuidar de sua mansão e de seus animais de estimação: Hécuba e Gale que, para quem sabe um pouco sobre a mitologia de ambas, já pode ser um pequeno spoiler sobre o tom mais sombrio para a história. Contrariando o que poderíamos esperar de Annabeth, ela propõe uma festa de Halloween para seus amigos do Acampamento Meio-Sangue com a justificativa de que ela pode utilizar suas habilidades de arquiteta para construir uma mansão mal assombrada, além de ser uma homenagem para a dona do casarão.
Depois de uma confusão envolvendo Grover e uma bebida duvidosa, o trio de heróis precisará enfrentar ameaças ligadas à figura mítica das três manifestações de Hécate, que não vamos entrar em detalhes por conta de spoilers. O que vale ressaltar é que temos a comprovação de que o autor continua brilhando ao reinterpretar a mitologia de maneira acessível e criativa. As representações da Deusa Tríplice carregam um equilíbrio interessante entre o sombrio e o mágico, fazendo com que o autor consiga explorar a influência da deusa na vida moderna ao entrelaçar o antigo e o contemporâneo.
O estilo de Riordan permanece fiel à sua essência, com uma narrativa recheada de sarcasmo, referências culturais e diálogos divertidos. Ao mesmo tempo temos um amadurecimento perceptível no tom da narrativa através dos temas explorados, como escolhas e caminhos, questões familiares, múltiplas identidades e o equilíbrio entre luz e sombra, oferecem camadas que agradam tanto jovens leitores quanto aqueles que cresceram com Percy e agora buscam algo mais profundo.
A Fúria da Deusa Tríplice é uma adição sólida e cativante à saga de Percy Jackson e Rick Riordan prova mais uma vez por que é um mestre em transformar mitologia em algo vivo e empolgante. Com personagens carismáticos, uma trama bem estruturada e um equilíbrio perfeito entre aventura e emoção, o livro é um lembrete de que, mesmo enfrentando novos desafios, nossos heróis favoritos ainda têm muito para ensinar e aprender.
Uma das leituras mais divertidas do ano também serve como preparação para a possível despedida de Percy, Annabeth e Grover, com o fechamento da nova trilogia no próximo livro e que ainda não tem data para chegar ao Brasil. Por enquanto os fãs precisarão esperar um pouco mais.