A icônica Família Addams, baseada nas tirinhas de Charles Addams e que teve sua adaptação para a TV tanto na série de 1960 como nos filmes de 1991 e 1993, marca o Halloween deste ano com a sua estréia nos cinemas em forma de animação que promete reapresentar a família mais sombria, esquisita e querida para uma nova geração.
O longa-metragem evidencia a origem da Família Addams, com a união entre Mortícia (dublado na versão original por Charlize Theron) e Gomez (Oscar Isaac) e sua fuga após terem sido expulsos de sua terra natal até encontrarem um lugar próprio para fincar suas raízes, uma mansão mal assombrada localizada no pico da colina de uma cidade comum. Neste momento há a introdução de outros personagens, como Tio Chico (Nick Kroll), Vovó Addams (Bette Midler), Tropeço (Conrad Vernon) e Mãozinha. Através de quadros que fazem parte da decoração tenebrosa da casa é possível ver a criação de Wandinha (Chloë Grace Moretz) e Feioso (Finn Wolfhard) de forma rápida e caricata até chegar aos dias atuais. Uma breve introdução para quem desconhece a família dotada de originalidade.
O enredo se divide em três ciclos diferentes: em Wandinha que se encontra em sua pré-adolescência, em sua descoberta sobre o que existe além dos portões da casa e a vivência de momentos carregados de rebeldia ao enfrentar sua mãe com roupas cor-de-rosa e acessórios de unicórnio; outro ciclo é realizado por Feioso e sua preparação para o Mazurca, uma espécie de Bar Mitzvá, caracterizado por se tornar homem através de um rito de passagem no qual todos os familiares se tornam presente; por último, uma antagonista que tem como objetivo controlar e vigiar toda a cidade através de um sistema de monitoramento e manipulações com o uso de uma rede social única, ferramenta que dá a ela liberdade para difamar e querer expulsar a Família Addams da cidade por puro preconceito do diferente. Os três ciclos não se interligam muito bem e torna o roteiro extremamente raso, não se aprofundando no que realmente importa, a peculiaridade da família em si. Mas o que de fato chama atenção no enredo é que nem tudo é o aparenta ser e que não há nada de errado em ser diferente, o que passa uma mensagem positiva em relação à inclusão e à diversidade com a quebra de tabus e preconceitos.
Apesar do uso de piadas que garantem risadas, há uma certa ausência do humor negro tão esperado que possui como consequência a perda de sua identidade e é notável que a animação chega aos cinemas com o público-alvo primário voltado para crianças, fazendo uma representação leve e deixando a desejar na tão esperada nostalgia dos fãs da franquia. Além disso, é evidente a sua adaptação para a atualidade e o bom uso de referências de filmes de terror que dão um ar descontraído, como IT: A Coisa (2017), Frankenstein (1931), Invocação do Mal (2013) e outros. E, ainda que haja uma excelente adaptação dos personagens das tirinhas originais realizada por Tim Burton, há uma falha gritante nos demais detalhes do filme, o que é compreensível devido ao seu baixo orçamento. Mas também não chega aos pés de outras animações que foram lançadas em 2019, como Toy Story 4, Os Incríveis 2 e Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2.
A animação da franquia icônica é reapresentada em um novo cenário e para uma nova geração, mas infelizmente não atende as expectativas reais dos fãs e também não chega aos pés do longa-metragem de 1991. Fora isso, é bom rever os famosos personagens e rir das piadas implícitas em seus diálogos, por mais que não tenham uma pitada forte de acidez.