1. ADMIRAÇÃO DO DIRETOR POR MULHERES VALENTES, DESDE CRIANÇA
O diretor sírio Feras Fayyad cresceu cercado por mulheres: sua mãe, sete irmãs e quatro tias. Por conta disso, ele sempre se incomodou com situação das mulheres na sociedade síria, onde são consideradas “sexo frágil”, nascidas para serem esposas e mães, e inferiores aos homens.
2. A EXPERIÊNCIA DE TORTURA
Em 2011, o governo de Bashar al-Assad começou a tomar medidas severas para interromper o movimento pró-democrático. Fayyad foi preso, seu filme sobre um poeta sírio exilado e sua luta pela liberdade de expressão o colocaram na mira do regime. Ele foi preso e torturado por quinze meses. Lá ele testemunhou crueldade e misoginia. “Como um homem que cresceu em uma família de mulheres, isso foi muito forte para mim. Senti que um dia tive que usar minha voz como cineasta para denunciar tudo isso.”
3. O DESCOBRIMENTO DE AMANI BALLOUR
Em agosto de 2013, o governo de Al-Assad realizou um ataque de armas químicas em Guta. Mísseis foram lançados às 2:30 da manhã, o que asfixiou a população enquanto dormia. Feras Fayyad ficou chocado ao ver imagens de dois médicos que trabalharam rápida e decisivamente. Um deles era uma jovem pediatra, Dra. Amani Ballour.
4. AMANI, UMA SÍNTESE DAS MULHERES DA VIDA DE FAYYAD
“Eu podia imaginar minha mãe, minhas irmãs e as mulheres que haviam sido espancadas durante minha prisão em todas as histórias que foram contadas por Dra. Amani. Ela não apenas cumpria seu dever como médica: ela estava desafiando os estereótipos e preconceitos que a sociedade síria tem sobre as mulheres”, lembra Fayyad.
5. A CAVERNA
Amani foi nomeada diretora do hospital subterrâneo, em Guta, nomeado “A Caverna”. Os pisos subterrâneos faziam parte de um hospital em construção que permaneceu inacabado e vazio desde o início das guerras. A área foi dividida em salas: uma clínica pediátrica, uma clínica para mulheres, uma sala de operações, uma sala de recuperação e um espaço de recepção de emergência.
6. UM FILME DIRIGIDO À DISTÂNCIA
Incapaz de ir a Guta devido ao cerco, o diretor teve que reunir uma equipe de filmagem para trabalhar dentro do hospital subterrâneo. Sua busca o levou a três talentosos colaboradores: Muhammed Khair Al Shami, Ammar Sulaiman e Mohammed Eyad, que fizeram um mapa detalhado do hospital para que ele tivesse uma ideia concreta da distribuição, das várias salas e túneis. Eles se comunicavam online duas vezes por dia e enviavam as imagens em pequenos arquivos.
7. O DESAFIO DE NÃO PERTURBAR
Fayyad deu-lhes instruções, passo a passo, sobre as técnicas necessárias durante as filmagens para captar a sensação de intimidade que procurava. “Eles precisavam saber como filmar de maneira sensível, próxima dos personagens, mas sem perturbá-los”. Fayyad produziu o documentário seguindo o estilo do cinéma verité, através apenas dos personagens, sem narração ou entrevistas diretas à câmera. O diretor queria que sua equipe seguisse os personagens por longos períodos de tempo e os filmasse trabalhando e também em suas vidas pessoais: comendo, se comunicando com a família, conversando entre si.
8. FALTA DE LUZ
Os cinegrafistas enfrentaram inúmeras dificuldades técnicas, principalmente devido à impossibilidade de acessar equipamentos sofisticados de alta qualidade e adequados para filmar pequenos espaços escuros. Quando havia uma queda de energia, um dos operadores de câmera acendia a lanterna do celular. Além disso, os personagens raramente iam à superfície, para não correr risco de morte por um dos frequentes ataques aéreos dos caças russos.
9. ATENÇÃO ÀS MENINAS
Dra. Amani age de acordo com suas convicções e com atenção especial às meninas, as quais o futuro ainda é uma questão indefinida. “Em nossa sociedade, espera-se que as mulheres se casem quando são adolescentes. A maioria dos homens e pais diz: ‘Você se casará e irá para a casa de seu marido’. Por isso, é preciso falar com elas sobre isso”.
10. A ETERNA ESPERANÇA POR JUSTIÇA
Quando perguntado sobre suas expectativas em relação à caverna, a Dra. Amani foi, como sempre, direta: “Quero que este filme signifique um passo no caminho da justiça, talvez possamos fazê-la um dia. Quero contar à geração mais jovem da Síria, os filhos dos sírios, a verdade sobre o que aconteceu aqui. E, especialmente, quero que as mulheres do meu país saibam que são fortes, que podem desafiar restrições, que podem fazer o que querem. Tentei dizer a todas as mulheres que vi, o tempo todo: ‘Não preste atenção à sociedade, ao que as pessoas dizem sobre você. Você tem que fazer o que quiser. Você tem que ter fé em si mesmo’. Algum dia, as coisas vão mudar! A sociedade vai mudar.”
“The Cave” estreou 03 de fevereiro, no National Geographic, e será reprisado nos dias:
04 de fevereiro, 23h20
05 de fevereiro, 13h20
07 de fevereiro, 21h45
08 de fevereiro, 23h10
09 de fevereiro, 18h00